E não é que o futebol completou 150 anos de idade no mês de outubro?
Na verdade, esportes com bola existem desde os primórdios, como na China há quatro milênios (a bola era um crânio), ou nas civilizações antigas da América Central, pelos idos do ano 500. A Fifa reconhece o milenar tsu chu, praticado na China por volta de 2000 a.C., como uma das primeiras práticas do que viria a ser o futebol.
A comemoração conta da data de unificação das regras do esporte, que se deu em uma noite de segunda-feira, 26 de outubro de 1863, em uma mesa na Freemason’s Tavern, no Centro de Londres, quando Ebenezer Morley, presidente do Barnes Club, convocou 11 representantes de outros grupos para unificar as regras do esporte que era praticado na Inglaterra havia quase mil anos e havia se popularizado no século 19, mas cada qual com seus próprios códigos. Na mesma reunião, os dirigentes fundaram a Football Association (FA), versão da atual Federação Inglesa.
Não foi a primeira tentativa de se unificar as regras, já que desde 1823 diversas escolas públicas britânicas tornou o esporte atividade obrigatória. Ocorre que em Oxford e Westminster, usava-se somente os pés para tocar a bola (o football). Em Cheltenham e Shrewsbury, eram permitidos mãos e pés (chamado de rugby). E havia, ainda, um terceiro esporte, o football rugby, também jogado por os estudantes.
Para se tornar o esporte mais popular do mundo, o futebol foi se adaptando. A implementação do árbitro se deu em 1874, quando passou a existir um árbitro para cada lado do campo. O pênalti surgiu depois de 1891 e aplicar cartões amarelos e vermelhos bem mais tarde, na Copa do Mundo de 1970.
Outros elementos fundamentais do jogo também foram admitidos com o passar dos anos, como a função do goleiro (1871), as linhas das áreas (1902), o impedimento (1925), as substituições (a partir de 1958), a vitória valorada com 3 pontos (1994) até a última mudança autorizada pela Fifa: a tecnologia na linha do gol.
A competição mais antiga do mundo é a Copa da Inglaterra, cujo a primeira edição se deu em 1871. Onze anos depois, em 1882, foi criada a International Football Association Board, órgão que até os dias atuais regulamenta as regras do futebol, mesmo depois da criação da Fifa (1904), à qual é hoje ligada.
Atualmente, o futebol é um grande negócio que movimenta a economia mundial. Desde 1930, a Fifa organiza a Copa do Mundo, maior evento desportivo do mundo, que teve 3,2 bilhões de telespectadores na decisão da última edição (Espanha 1 x 0 Holanda), em 2010, na África do Sul.
No Brasil, as primeiras bolas chegaram oficialmente em 1894, trazidas pelo paulistano Charles Miller, filho de escocês, depois de estudos na Inglaterra.
Não obstante isso, há quem defenda que o futebol chegou ao Brasil, nos colégios jesuítas do interior de São Paulo por volta de 1881. Há ainda outros estudos que indicam a chegada do futebol ao Rio de Janeiro, introduzido por tripulantes de navios, e até o Bangu, por meio de um técnico inglês da fábrica têxtil do subúrbio carioca.
O fato é que o primeiro país da América do Sul a receber o futebol foi a Argentinam em 1867 por meio de operários ingleses que construíam rodovias na Argentina e criaram o Buenos Aires F.C., o primeiro clube do continente. A Argentina foi também o primeiro país a organizar um campeonato local depois da Inglaterra, em 1891.
Atualmente, o futebol é o esporte mais amado e rentável do mundo, capaz de ter mais seleções nacionais filiadas à entidade que a rege, a Fifa, do que de países reconhecidos pela ONU (204 a 193).
Tudo isso graças à emoção e a paixão despertada por este esporte no qual o mais fraco pode vencer o mais fraco e onde um segundo pode mudar tudo como na fatídica defesa do goleiro Victor do Atlético em pênalti marcado marcado aos 48 minutos do segundo tampo em uma partida decisiva válida pelas quartas de final da Taça Libertadores da América.
Neste esteio, imprescindível terminar este texto parabenizando o nosso esporte bretão citando-se o saudoso escocês e ex-técnico do Liverpool Bill Shankly:
“Algumas pessoas acreditam que futebol é questão de vida ou morte. Fico muito decepcionado com essa atitude. Eu posso assegurar que futebol é muito, muito mais importante ..”