A Libertadores e a síndrome do escudo policial

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Selvageria e retrocesso. Acredito estas duas serem “boas” palavras para resumir as cenas da confusão no Pacaembu no jogo Santos versusIndependiente, pela Taça Libertadores da América. Cadeiras partidas, arremessadas no recinto do jogo, intervenção policial, agressões e inúmeras outras desagradáveis situações que fazem com que o principal torneio sul-americano de clubes jamais possa ser comparado ao maior deles, a Liga dos Campeões da UEFA.

Em primeiro lugar, a entidade máxima da administração do futebol da América do Sul procura trabalhar os seus torneios como um produto (como já foi abordado em outros textos nesta coluna), mas patina em outras situações administrativas que comprometem o planejamento dos clubes para o torneio. Todo o clima criado em função do imbróglio em que o Santos foi envolvido era o prenúncio de uma grande confusão. Foi o que aconteceu.

O Pacaembu durante confusão no jogo Santos x Independiente pela Taça Libertadores (foto: globoesporte.com)

 

Não é de hoje que se a estrutura do futebol da América do Sul passar por uma análise, vê-se que ainda funciona toda com base em interesses, sobretudo políticos e financeiros (em favorecimento de algum grupo). Nesta estrutura, mantém-se no poder aquele que distribui benefícios. Os recebem outros grupos (confederações nacionais e clubes), que sustentam este poder. Quem não entra nesta relação, não é beneficiado. Assim foi com a “Traffic” por muito tempo. Em algum momento os brasileiros diminuíram os benefícios ou deixaram de ajudar e acabaram por trocar esta agência por outra (a argentino-uruguaia “Full Play”). Tempos depois vieram as delações que resultariam na prisão do ex-Presidente e Vice da CONMEBOL (Confederação Sul-Americana de Futebol). Estranho, não?

Sem profissionalismo e visão de mercado (com métodos, execução e resultados) os mais prejudicados são: o torcedor e o atleta, sujeitos a um torneio com critérios questionáveis de participação e que aceita praças esportivas impraticáveis (ambos para favorecimento de pequenos grupos), que prejudicam o espetáculo do futebol. Uma – apenas uma – das consequências é o estereótipo do futebol na América do Sul: o de um jogador prestes a cobrar um escanteio em jogo da Taça Libertadores, protegido por escudos de policiais, contra torcedores inquietos e hostis que são resultado de um desserviço prestado ao futebol. É a “síndrome do escudo policial”.

Diante disso, pensava equivocadamente que avançávamos em termos de gestão e governança do futebol sul-americano. Ledo engano. É preciso questionar e trabalhar ainda mais. Muito mais.

 

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