Lotados e loteados: os uniformes e os patrocinadores do futebol do Brasil

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Recentemente esta coluna recebeu imagem de uniforme de grande clube do Brasil, repleta de patrocinadores, com muitos centímetros quadrados aproveitados. Impossível não se lembrar das – eternas – discussões sobre eventual desvalorização da marca do clube e todos os debates que remetem ao tema. Sem dúvida que a estética deve ser levada em consideração. Nem sempre, é verdade. Aliás, quase nunca. Entretanto, no futebol atual do Brasil poucos podem dar-se o luxo de restringir a exposição de uma marca na camisa.

Assunto inclusive foi tema de episódio do grupo “Porta dos Fundos”. (Foto: Divulgação)

 

Não há dúvidas de que muitos torcedores são influenciados pelas marcas patrocinadoras quando adquirem produtos oficiais do clube. Mais importante para o patrocinador que o retorno financeiro, é o reconhecimento institucional da sua marca. E quanto mais uma marca for associada positivamente, de força e de importância, com o tempo o consumidor pode mudar o comportamento em relação a ela, da não aquisição para a aquisição.

Para além da estética, o debate sobre os uniformes de futebol dos clubes do Brasil estarem cheios de patrocínios passa também pela credibilidade do universo esportivo brasileiro. Consequência de décadas de exemplos de má gestão e muitos casos de mecenato, de uma gestão amadora voltada para a projeção pessoal e de pequenos grupos. Oportunidades de investimento sempre existiram, as possibilidades de exposição e retorno, bastante altas. No entanto, diante da falta de transparência e credibilidade dos dirigentes (o estereótipo do “cartola”), em gerir as equipes, em conduzir um torneio e operar o mercado do esporte, era mais do que natural que os investimentos se esvaziassem. Como consequência, um produto desvalorizado. Nesta linha de pensamento, não surpreende um grupo de mídia ao longo destes anos todos atrair o interesse de patrocinadores de peso, uma vez que sabem que suas marcas terão o alcance necessário dentro de uma operação profissional com um produto (que não deixou de ser) espetacular, que mobiliza milhões de pessoas ao mesmo tempo e em todo o país: o jogo de futebol e tudo o que ele envolve. 

Atualmente observam-se “ventos de mudança” neste cenário. Muita coisa mudou, verificam-se gestões mais profissionais; mais entidades de prática e administração esportiva voltadas para o mercado; mais formação específica em Gestão do Esporte. E se discute e se reflete toda a consequência de anos de desserviço com o esporte do Brasil.

Portanto, quer seja por estética ou desvalorização da marca de um clube, por mais raso que seja o debate sobre a quantidade de patrocínios no uniforme, é processo por que o esporte do Brasil e especificamente o futebol precisa passar. A incredulidade e inconformismo são capazes de gerar ações que tragam credibilidade para a indústria do esporte no Brasil.

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Em tempo mais uma citação que se relaciona com o tema da coluna:

Ter ganhado muito no passado não garante nada no futuro”.
Bernardinho, treinador da Seleção Brasileira de voleibol

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