“O jogo” e a Copa do Mundo do Brasil

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Ledo engano achar que as grandes seleções são capazes de controlar o jogo contra seleções de menor expressão! Pelo menos são os exemplos que estamos assistindo na Copa do Mundo do Brasil.

Querer controlar um jogo como o do futebol, durante noventa minutos, já seria pretensão audaciosa em qualquer circunstância. Nos jogos da Copa do Mundo do Brasil, ainda mais.

O máximo que temos visto é o controle de alguns momentos do jogo. Uma equipe bem treinada, com bons jogadores e com grande peso de camisa terá boas chances de controlar parte dos noventa minutos dos jogos que jogar. A Copa brasileira está comprovando esta teoria. Entre um momento de controle e outro aparecem as investidas corajosas do time que era dominado e aí o jogo se embaralha!

Observando a Copa do Mundo do Brasil, vamos às reflexões sobre o assunto.

As “surpresas” têm sido tantas que motivam vários tipos de questionamentos. A interatividade promovida pelas TVs que transmitem os jogos, leva ao ar várias dúvidas dos torcedores:

– Será que estamos transferindo o polo de qualidade do futebol mundial?

– Será que as grandes seleções estão desmotivadas para a Copa?

– Não existe mais “time bobo”?

– Os times de menor expressão aprenderam a jogar o futebol?

Há algum tempo estamos assistindo às mudanças do jogo. Já falamos sobre isso na última coluna publicada no Universidade do Futebol – “Não há nada de novo no futebol”. É fato que os pilares que sustentam a dinâmica individual e coletiva desse jogo, sempre foram e continuam sendo o tático, o físico, o técnico e o psicológico.

A forma como eles interferem nos noventa minutos dão tons diferenciados aos jogos. Nos últimos anos, o componente tático tem se sobressaído em relação aos outros intervenientes. É sabido que hoje não se joga o futebol em alto nível se não houver inteligência na construção dos treinos e do jogo. Mas em torneios curtos como é a Copa do Mundo…

Vamos fazer um exercício.

Copa do Mundo é uma realidade diferente. Tudo é mais concentrado. Tudo vale mais. Um jogo de Copa costuma ser muito mais emoção, mental, psicológico, que em campeonatos longos, com longas histórias a serem contadas.

Numa Copa do Mundo, um time mais motivado, apurado psicologicamente, pode tirar vantagens em relação ao seu oponente mais pragmático, ou tático. Estes dois componentes serão sempre muito importantes, assim como também o são o técnico e o físico, mas um deles pode sobressair em relação a outro, ainda que momentaneamente, e fazer valer o resultado nos jogos.

Explorando o conceito transdisciplinar, em que alguns fatores se alternam em graus de importância uns em relação a outros, simultânea e ou concomitantemente, os jogos da Copa estão nos dando uma ótima mostra deste fenômeno.

Na abordagem transdisciplinar não é muito simples detectar qual fator está prevalecendo sobre o outro em determinado momento. Nos jogos da Copa do Mundo do Brasil estamos assistindo a jogos mais “soltos” e com grande apelo motivacional – psicológico. Afinal de contas, tratam-se de “jogos de Copa do Mundo”.

Nesta história, para incrementar ainda mais o exercício proposto, o nosso país parece ser um fator motivacional além da conta. Já twittei sobre isso dias atrás, quando percebia quão motivadas estavam as seleções forasteiras em especial na Copa Brasileira. Parece que a magia do Brasil encantou individual e coletivamente os disputantes da nossa Copa.

A energia que o torcedor brasileiro e que o ambiente brasileiro estão passando aos competidores tem sido fator preponderante para apimentar os fenômenos de campo que estamos assistindo. Fui assistir no Mineirão a Bélgica 2×1 Argélia. Sensacional! O torcedor e o ambiente brasileiros estão dando um tempero especial à Copa do Mundo da Fifa.

O futebol é global e tem acesso a ele e suas descobertas todos aqueles interessados ou curiosos pelas novidades. Os mais espertos e ou inteligentes têm tirado proveito desta exposição. É só ver como estão jogando algumas seleções de menor porte. Seus treinadores, certamente desenvolveram conceitos importantes com suas observações e estudos.

Não é difícil perceber o jogo competitivo e organizado que várias das seleções participantes estão praticando. Mas, aquelas que o fazem com maior apelo motivacional, têm sido bem sucedidas.

Não vou citar nenhum time em particular, pois foram várias as “surpresas” até agora, quando ainda estamos na fase classificatória. No entanto, garanto que as seleções que alcançaram vitórias ou empates surpreendentes o fizeram com qualidade de jogo e mérito em relação aos seus adversários.

Acredito que, mesmo com muita emoção, as respostas aos fenômenos da Copa do Mundo do Brasil contribuirão para a continuidade de mudanças na qualidade tática do jogo.

O que percebo é que a Copa do Mundo do Brasil está servindo de importante vitrine para a evolução que o futebol mundial vem sofrendo há alguns anos. O jogo será cada vez mais parecido com o futebol total de décadas atrás – todos atacam e todos defendem com muita organização e competitividade.

A dificuldade dos “grandes” em relação aos “pequenos” está patenteada na Copa do Mundo do Brasil, e a herança disso tudo será um futebol mais forte e emocionante espalhado pelo mundo.

Não acredito que o fenômeno permanecerá no curto prazo, ou seja, por algum tempo o grande continuará grande e o pequeno continuará pequeno. Mas não será mais da mesma forma e, com o passar dos anos, o jogo deverá ganhar em organização e recursos táticos para vários níveis de equipes.

Por enquanto o espetáculo apresentado se deve muito ao fato da Copa do Mundo ser no Brasil. Mas é certo também que o mundo está aprendendo a jogar o jogo e a proliferação das boas ideias é uma grande razão pra isto. A motivação, que agora está na Copa Brasileira, deverá ser outra em outras circunstâncias, mas sempre contando com a evolução do jogo. A Escola Brasileira de Futebol não pode ficar para trás nesta revolução do aprendizado tático!

Que vença o Brasil para a alegria de um povo que merece! E que cresça o nosso jogo com as lições que estamos recebendo a domicílio.

Até a próxima resenha…

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