Respostas da democracia brasileira à Fifa e o que podemos aprender com os EUA em política e relações internacionais

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O presidente da Fifa, Joseph Blatter, em uma recente declaração, revelou que a entidade pretende aprender com aquilo que viu e ouviu do povo brasileiro durante a Copa das Confederações.

O mandatário afirmou que tratará de assegurar, na legislação da Fifa, que somente poderão ser aceitas as candidaturas de países-sede para a Copa do Mundo que tiverem sido aprovadas pelo Legislativo ou por outro mecanismo democrático que legitime o processo internamente.

A previsão da entrada em vigor é para a Copa de 2026. As manifestações sociais democráticas e legítimas que ocorreram no Brasil, em boa parte, motivadas pela realização da Copa do Mundo e pela falta de planejamento, executividade e transparência nas obras atreladas ao evento – em especial, dos estádios – serviram de alerta e inspiração para a Fifa agir.

Isso é um gigantesco avanço quando se trata de política administrativa adotada pela Fifa na história de organização dos seus eventos ao redor do mundo.

O conservadorismo e centralização nas decisões e na política desenvolvimentista foram as marcas da instituição. Sem contar os recentes escândalos que acusaram membros do seu Comitê Executivo de vender seus votos na escolha dos países-sede da Copa do Mundo.

Este avanço é ainda mais positivo para os países que desejam ser os anfitriões do evento. Com isso, exige-se, dentro de cada um deles, que a legislação e os mecanismos democráticos sejam respeitados antes mesmo das inferências privadas – CBF, no exemplo do Brasil – ou do Poder Executivo avocarem toda a responsabilidade pela tomada de decisão em nome do interesse público maior.

De fato, isso diminui a margem de erro e risco quando um país pretenda se lançar aos braços de um megaevento esportivo, pois os custos financeiros e políticos também costumam ser proporcionais.

Nos Estados Unidos, quando se tratam de relações internacionais e temas de grande relevância ao país, como, por exemplo, a assinatura de tratados comerciais ou intervenções militares, o presidente, em regra, é obrigado a obter autorização do Congresso Nacional, que lhe outorgará os limites de seus poderes para agir em nome do povo naquela dada situação.

Somente em algumas situações de exceção e já consolidadas em exemplos análogos é que o presidente pode dispensar a consulta ao Congresso e decidir deliberadamente – a chamada via rápida (fast track).

Por isso é que, além das costuras de política externa que os EUA fazem a respeito da possível ação militar na Síria de hoje, faz-se necessário convencer o povo, internamente, por meio de seus representantes democraticamente legitimados a por eles decidir, a respeito da melhor decisão.

Obviamente, quaisquer problemas oriundos deste processo que envolve o Executivo e o Legislativo podem e devem ser apreciados pelo Judiciário (Suprema Corte) no mais apropriado e transparente contexto que se espera de uma democracia.

Seria diferente com uma Copa do Mundo? Creio que não, pois, no caso do Brasil, os custos globais estimados para realizar todas as obras da Matriz de Responsabilidades gira entre R$ 30 e 40 bilhões, tal qual os impactos que um tratado comercial ou a participação numa guerra podem provocar.

Para mais ou para menos, as melhores práticas de gestão pública e privada recomendam meios transparentes e eficazes de controle sobre a realização destes megaeventos esportivos.

Assim, o slogan "# A Copa do Mundo me representa" poderia sair às ruas tranquilamente.

A não ser que estejamos falando do Qatar… Lá, a vontade do povo e a democracia estão soterradas por dólares e petróleo.

E essa determinação valerá, apenas, a partir de 2026.

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