Seleção brasileira de futebol: tendências

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Gosto muito de ler os livros do professor de matemática John Allen Paulos. Primeiro por sua habilidade em transformar matemática em contos e contos em matemática. Segundo pela perspicácia na abordagem de assuntos que envolvem a “complexidade do dia-a-dia”, usando, claro, a matemática.

Em um de seus livros (A lógica no mercado de ações) fala sobre fractais, redes e fobias psicológicas que atormentam e direcionam o comportamento de investidores no mundo dos negócios.

Não irei aqui falar nem sobre matemática, nem sobre o mercado de ações. Não é essa a idéia. Gostaria sim de fazer uma rápida discussão sobre algo muito, mas muito mais angustiante, agonizante, incômodo e que claro, que faz mais pessoas perderem o sono do que a “grande crise financeira 2008, USA parte 1“: a seleção brasileira de futebol do treinador Dunga.

Lá se foi o jogo contra a Colômbia. Maracanã, torcida. Eliminatórias da Copa do Mundo. A vitória garantiria o Brasil em 2º lugar.

Empatou. O Brasil ficou em 2º lugar. Vaias. Críticas. Nada de novo.

Pela TV alguém disse que já não cabiam mais as críticas; afinal a seleção brasileira de futebol estava em 2º lugar. Que local no mundo não se valorizaria o 2º lugar?

Pois bem.

O Brasil não está mal na tabela de classificação. Também não fará diferença para o chaveamento de grupos no sorteio da Copa do Mundo FIFA de Futebol 2010 terminar as eliminatórias em 1º ou em 4º lugar.

Pois mal.

Sob o ponto de vista lógico-matemático, claro, o raciocínio acima descrito está correto, nenhum problema. Problema mesmo é mascarar com tal justificativa o desempenho da equipe brasileira e de seu treinador; ou pior ainda, atribuir à casual “normalidade” das críticas que toda seleção de futebol do Brasil recebe (jogadores e comissão técnica) ao fato de existirem tais críticas.

O que quero dizer é simples.

Nosso treinador diz que é normal às atribuições do cargo receber críticas. Alguns setores da imprensa dividem a responsabilidade entre jogadores e comissão técnica pelas dificuldades da seleção brasileira em alguns jogos (e é só ganhar um de quatro a zero para mudar tudo). Outros apontam que o Brasil é 2º e que não há motivos para alardes (só no Brasil mesmo o 2º lugar ser uma coisa ruim).

O matemático Paulos (John Allen) do início do texto, em um dos capítulos do seu livro já mencionado, aponta que as tendências do mercado financeiro estão atreladas também (viva a complexidade!) a comportamentos que geram tendências, que por sua vez condicionam comportamentos, que reafirmam tendências; e aí…

Bom, aí é como aquela estória em que um rei vai até a feiticeira saber a sorte de seu filho que está para nascer. A feiticeira lhe diz que o bebê quando mais velho acabará por matar o pai. Sem pestanejar, quando o filho nasce, o rei manda um de seus soldados matá-lo e jogá-lo no rio. O soldado com pena do pobre menino, ao invés de cumprir a ordem, coloca o garoto em uma cesta dentro do rio (na esperança de que as correntezas o carregassem para um lugar bem distante onde pudesse ser encontrado e ter uma vida nova).  A criança é encontrada por uma senhora que cuida dela como se fosse seu filho. Mais velho, já depois de vinte e tantos anos eis que o jovem se apaixona pela rainha e mata o rei para poder viver seu amor.

O que quero dizer com isso?

Quero dizer que se não tivermos cautela, acabaremos, como sempre, tendo nosso comportamento moldado e moldando uma tendência:

a.     Formação da tendência no. 1 à Dos chefões do futebol brasileiro: Cobrar o treinador, demiti-lo? Como assim, o Brasil é 2º colocado nas eliminatórias da Copa.

b.     Formação da tendência no. 2 à Da torcida: Criticar é hábito. Não importa a crítica, importa criticar.

c.      Formação da tendência no. 3 à Da imprensa: segundo os meus interesses, o melhor a fazer é? Qual o melhora fazer mesmo?

d.     Formação da tendência no. 4 à Do treinador: no meu cargo receber críticas é normal (Será que eu realmente sei o que estou fazendo?)

É que no final das contas a conversa se resume ao seguinte: não importa o método, não importa a conduta, não se pode dizer se é esse ou aquele o melhor; afinal de contas bom no futebol (e no mundo dos negócios) é somente aquele que ganha.

E por isso volto a dizer; chefões do futebol brasileiro, torcida, imprensa e treinador; estamos criando a tendência errada, e assim teremos muitos problemas na Copa de 2010 (não me acusem de exercício de futurologia – aliás essa (a acusação) é uma outra tentativa de construir tendências).

No futebol a lógica é simples: buscar o 1º lugar sempre.

E se assim o é; então, viva o Paraguai (e claro a lógica do mercado financeiro).

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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