“O maior risco é não fazer nada quando o mundo está mudando rapidamente.” (Walter B. Winstron)
Caros amigos peço licença para o nosso colega e colunista aqui da Cidade do Futebol, Alcides Scaglia para aproveitar a temática levantada por ele na sua coluna do dia 27 de julho, na qual abordou tão bem a questão da formação do profissional que deve atuar no futebol.
Aproveitando as 3 dimensões de conteúdos levantados por Alcides como pressupostos para a formação do sócio-educador-esportivo (conceitual, procedimental e atitudinal), poderíamos falar de uma 4º dimensão, a atualização tecnológica, que dialoga e está inserida nas demais, mantendo ao mesmo tempo suas peculiaridades. Pode parecer modismo ou assunto batido dizer que o profissional atual deve utilizar a tecnologia na sua rotina de trabalho. Mas é necessário enfatizar que o que chamamos de atualização tecnológica transcende o simples aprender a usar o computador, enviar email ou assistir um DVD. Ainda que para alguns isso já se configure como um grande avanço. Para tanto permito-me fazer um gancho para um almoço recente com um professor de importante e referenciada universidade inglesa, numa recente visita ao Brasil para debater futebol e ciência. Longe de fazer comparações culturais e estruturais que com certeza influenciam na construção e desenvolvimento de uma área de conhecimento no seu campo prático de formação e capacitação, mas com um olhar sobre pontos interessantes que merecem ser pensados e refletidos por nós aqui no Brasil, tento reproduzir algumas das idéias trocadas. No anseio de trocar impressões e experiências a cerca de como são formados os profissionais que atuam no futebol, tanto aqui como lá, entramos nas especificidades curriculares. Um dos temas debatidos que mais me chamaram atenção foi a questão da análise e compreensão do jogo e o uso da tecnologia como parte desse processo. Ao longo do curso de bacharelado os alunos são intensamente estimulados a estudarem, desenvolverem e aplicarem instrumentos de análise do futebol, que vão desde a compreensão do jogo em si, de seus elementos fundamentais, princípios técnicos, táticos, de planejamento e estratégia até ao estudo de tecnologia, de conceitos e estruturas, de processos, enfim, das etapas de desenvolvimento de um recurso tecnológico. E porque estudar tecnologia? Ou como fazer isto? A primeira questão é que o computador é uma realidade, os recursos e otimização trazidos são, sem dúvidas , (e isto lá já foi superado) parceiros e não “dedos- duros” ou complicadores do trabalho. Desta forma o contato deve ser estimulado cotidianamente para criar-se uma familiaridade com a realidade tecnológica. Sem o receio da competição com as máquinas, os ingleses já se dedicam a habituar-se e tornar-se experts no domínio delas, isto significa tornar-se apto para tirar o máximo de proveito dos recursos que podem nos fornecer, e o fazem de maneira estruturada, curricular, com uma série de disciplinas que desenvolvem o hábito e estimulam a capacidade de interpretação de informações e aplicação no campo prático. Não nos aprofundaremos tanto para não nos alongar por demais, mas essa preocupação em inserir o aprendizado sobre e com tecnologia na formação do profissional, não vem desvinculado de uma proposta de um profissional moderno que deve, sobretudo, atentar para o que professor português Julio Garganta certa vez disse sobre a necessidade de recorrer à algum instrumento para ajudar na leitura e registro das informações do jogo, por mais que se tenha experiência. Por isso acredita-se na necessidade da atualização tecnológica, não como um mero apreender a mexer nos equipamentos, mas sim aprender o processo no qual ela é desenvolvida e será inserida, compreendendo as possibilidades e estimulando a extração e aplicação de todo o recurso em prol do próprio trabalho, lembrando que tecnologia é recurso e processo a serviço do homem.Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br