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Cada processo de treino é único, específico, e cada equipe tem necessidades e características próprias, que requerem um tipo de intervenção, um planejamento específico e adequado para a resolução dos problemas por parte do treinador. Em resumo, a modelação da ideia de jogo deve ser encarado como um traje feito à medida, ajustado e compatível com as necessidades e características em questão.
Dito isto, o intuito desta publicação não é propor “receitas de bolo” aos colegas treinadores, até porque não acreditamos nisso, mas trazer algo mais prático à coluna, ideias e possibilidades práticas de exercícios que potencializem a aquisição de determinadas ideias de jogo e que, logicamente são adaptáveis e modificáveis para cada realidade.
Nesta coluna trago, em conjunto com Yuri Salenave
[1], alguns exercícios que podem contribuir com a melhoria (em maior ou menor grau) de algumas interações que a equipe pode apresentar no instante da perda da bola, especificamente o conceito de “perde-pressiona”, ou seja, a equipe reagir rapidamente perante à perda da bola, pressionar de maneira agressiva o adversário com bola e o espaço próximo, fechando e controlando os espaços importantes.
Alguns dos aspectos que o treinador, em minha opinião, deve considerar no momento da elaboração dos exercícios de um treinamento são: “aspecto”/“fração” da ideia de jogo que se pretende evidenciar; detalhes ao nível da estratégia para o próximo jogo; tipo de contração muscular (predominante); mecanismo metabólico implicado (predominante); gerenciamento das dinâmicas de desempenho-fadiga-recuperação; espaço; tempo; número de jogadores; regras; intensidade máxima relativa; etc., segundo o dia do padrão semanal.
Mais uma vez, é importante referir que os exercícios que apresentaremos estão apenas para ilustrar determinadas ideias, num caráter meramente exemplificativo, mas que podem servir como base para novas criações e ideias para os colegas treinadores. São 5 possibilidades de propensão, de acordo com as diferentes escalas de organização da equipe: individual, grupal, setorial, intersetorial e coletiva[2].

Exercício 1

Ênfase na Transição Defensiva

Possíveis objetivos: Reação imediata e agressiva ao perder a bola; pressionar o homem da bola imediatamente; se aproximar/estar próximo do adversário; buscar contato corporal com o adversário; colocar o pé na bola (dividir); induzir ao pé fraco do adversário; etc.

Escala de Organização: Individual

Descrição: Duas equipes se enfrentam em jogos de 1×1 com goleiros. Quando o portador da bola (neste exemplo o azul) terminar a ação de 1×1 contra o vermelho (gol ou finalização defendida, para fora, bola sair do campo, ser desarmado), o vermelho que estava defendendo sai, e entra um novo jogador vermelho com bola que está situado ao lado da baliza. Este, realizará uma situação de 1×1 contra o jogador azul que estava atacando.

Tão logo termina o lance, o vermelho que estava atacando passará a defender um jogador de azul que entra com bola, produzindo uma nova situação 1×1 e assim, sucessivamente. Ou seja, tão logo o jogador perder a posse da bola, deverá reagir rapidamente para defender. Exercício pode ser realizado em contexto competitivo onde a equipe que chegar primeiro a xgols vence.

Obs: A primeira bola do jogo inicia 1 contra o goleiro

Exercício 2

Ênfase na Transição Defensiva

Possíveis objetivos: Reação imediata e agressiva ao perder a bola; pressionar o homem da bola imediatamente; se aproximar/estar próximo do adversário; buscar contato corporal com o adversário; colocar o pé na bola (dividir); induzir ao pé fraco do adversário; dobra e postura de marcação; etc.

Escala de Organização: Grupal

Descrição: Rondo onde cada dupla tem uma cor específica. Jogam 8×2 ou 6×2, etc., e quando os dois elementos do meio recuperarem a bola, imediatamente a dupla que foi desarmada, ou errou o passe, deve reagir e pressionar imediatamente.

Pode-se valorizar com pontuações o número de passes, desarmes, recuperações após perder a bola, passe entrelinha, jogo em 1 e 2 toques, etc.

Exercício 3

Ênfase na Transição Defensiva

Possíveis objetivos: Reação imediata e agressiva ao perder a bola; pressionar o homem da bola imediatamente; evitar/atrasar a ação do adversário (passe, condução, finalização); cortar linhas de passe próximas; utilizar a “falta tática” quando necessário; estar em estado de alerta; etc.

Escala de Organização: Setorial

Descrição: Formam-se 3 equipes de 4 (posicional), sendo que uma sempre fica no meio marcando. Objetivo das equipes com posse (vermelho e branco) é circular a bola (tanto entre si, em largura, como usar a outra equipe em profundidade para gerar desequilíbrio – opcional), de maneira a criar espaços e fazer gol em uma das 4 mini-balizas. Os azuis devem pressionar (apenas 1 jogador pode saltar e pressionar no campo adversário), cobrir uns aos outros e impedir o gol nas mini-balizas (passe entre linha). Caso consigam recuperar a posse da bola deverão finalizar a bola em uma das balizas grandes, enquanto que as outras duas equipes que estavam com posse, tão logo a perdem, deverão pressionar imediatamente a equipe adversária para impedir o gol e retomar a posse da bola.

Após minutos trocam-se as equipes do meio. Contexto competitivo, equipe que tiver maior saldo de gols vence ao término das repetições.

Exercício 4

Ênfase na Transição Defensiva

Possíveis objetivos: Reação imediata e agressiva ao perder a bola; pressionar o homem da bola imediatamente; evitar o contra-ataque e recuperar a bola para seguir atacando; buscar o controle do espaço em torno da bola; fazer “campo pequeno” rapidamente; utilizar a “falta tática” quando necessário; estar em estado de alerta; etc.

Escala de Organização: Intersetorial

Descrição: Jogo em ¾ de campo, sendo que o meio campo é sinalizado pela linha amarela. Ambas equipes estão divididas em duas metades de 5 jogadores. No campo defensivo estão goleiro, linha de 4 e volante, e no campo ofensivo 2 meias e 3 atacantes (estrutura de jogo 1-4-3-3).

A equipe que tem a posse de bola (no exemplo acima a azul), ao faze-la chegar até o seu campo ofensivo, é permitida a incorporação do volante e um dos dois laterais, de maneira a criar superioridade de 7×5+goleiro.

Gol vale 3 pontos e cada vez que o ataque recuperar a posse da bola no campo ofensivo em até 5 segundos, após perde-la, impedindo o contra-ataque adversário, marca 1 ponto.

Variações: Poderá haver delimitação de toques; a bola só poderá ir de uma metade à outra com passes rasteiros, longos ou ambos; liberar ou não a incorporação de um lateral, etc.

Exercício 5

Ênfase na Transição Defensiva

Possíveis objetivos: Estar em estado de alerta; reação imediata e agressiva ao perder a bola; pressionar o homem da bola imediatamente; controlar o espaço em torno da bola – bloquear as linhas de passe; evitar o contra-ataque e recuperar a bola para seguir atacando; fazer “campo pequeno” rapidamente; temporizar, atrasando as ações do adversário em caso de não conseguir recuperar a bola imediatamente; utilizar a “falta tática” quando necessário;

Escala de Organização: Coletiva

Descrição: Jogo 11×10 em ¾ de campo. Equipes jogam normalmente, até que o treinador coloca uma nova bola em jogo. Ambas equipes deverão ajustar-se permanentemente às novas situações que são criadas pelo treinador.

O objetivo dos azuis é ultrapassar a linha final dos vermelhos com bola controlada, enquanto que os vermelhos devem defender sua linha e marcar gol na baliza grande. Ao alcançar estes objetivos cada equipe marca 3 pontos, sendo que se a equipe que recuperar a posse da bola em até 5 segundos, após perde-la, marca 1 ponto.

Uma possível variação é fazer o exercício à campo todo, num jogo formal de 11×11. Após minutos trocam-se os lados e os objetivos das equipes.

 
[1]Yuri Salenave é mestre em Atividade Física e Desempenho pela UFPEL e atualmente exerce o cargo de auxiliar técnico e preparador físico no C.A. Tubarão (SC) nas categorias Sub-15 e Sub-17.
[2]A escala de organização coletiva se refere à globalidade da equipe, quando todos os setores estão interagindo ao mesmo tempo; a escala intersetorial aborda dois setores em simultâneo (exemplo: defesa + meio campo / meio-campo + ataque); a escala setorial se reporta apenas a um único setor (exemplo: defesa), enquanto que a escala grupal engloba um número significativo de jogadores (3, 4, etc.) mas que não chegam a compor um setor (exemplo: lateral direito – volante direito – extremo direito), enquanto que a escala individual, com o próprio nome sugere, se refere a apenas um jogador.

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