Treinador: competência técnica ou relações humanas?

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Permita-me, inicialmente, fazer uma breve apresentação. Meu nome é Rafael Ferreira e atualmente sou assistente técnico da equipe sub-15 do Coritiba Foot Ball Club.
Sou Bacharel em Treinamento em Esportes pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Iniciei meus trabalhos como profissional do futebol no Paulínia Futebol Clube, sob as orientações do professor Dr. Alcides Scaglia. Tive uma rápida passagem pela Associação Atlética Ponte Preta, retornei ao Paulínia FC, onde completei um ciclo passando por todas as categorias de base e equipe principal, sempre como treinador adjunto. E no ano de 2015 mudei-me para a capital paranaense, atraído por um grande projeto de transformação das categorias de base no Coritiba Foot Ball Club, onde enfrentamos a árdua tarefa diária de melhorar o processo de formação de atletas. Apresentação feita, vamos ao tema!
O mundo do futebol vem percebendo aos poucos a necessidade de constante atualização profissional, além de implementação da ciência e profissionalização em todos os seus segmentos. A profissão de treinador, enigmática e concorrida, talvez seja uma das mais julgadas (mesmo que na maioria delas empiricamente). É comum, e é da na nossa cultura, a discussão em cada canto da sociedade sobre qual é o melhor treinador, o que deveria ser feito numa situação-problema no jogo, qual o treinador ideal para sua equipe.
E o que é mais determinante, partindo de um lema conhecido nos ambientes de discussão: um treinador com competência técnica ou muito bom em relações humanas?
Todos aqueles que permeiam no futebol sabem que, para alcançar esta concorrida função, há de se construir bons laços humanos. Isto porque, via de regra, quem toma decisões de contratação (em sua maioria) não são profissionais formados para o futebol, e muitas vezes, sequer são remunerados. Logo, o critério para escolha raramente é técnico, e quando o é, tende a ser superficialmente embasado em conceitos (talvez o mais usado seja o critério de “vitórias” – não discuto aqui o mérito de se usar este critério, pois acredito que em alguns ambientes este seja sim o critério determinante, principalmente em equipe profissional).
Ocorre que, uma vez posto no cargo, este treinador será indubitavelmente um líder. Líder de pessoas, em seus mais diferentes níveis hierárquicos – atletas, comissão técnica, equipe de apoio. Terá que lidar com diretores e torcedores, e apresentar resultados. Deverá conhecer a cultura do clube onde está inserido. E obviamente, fazer o time jogar bem – ou vencer – ou os dois.
Sendo líder, precisará construir um ambiente de produtividade e desenvolvimento comum a todos e ao trabalho – medido pelo desempenho da equipe. Precisará, e muito, de cada um de seus assistentes, se quiser atingir um nível de excelência. Terá que oferecer as melhores condições para que um atleta suplente esteja pronto para jogar e sinta-se importante no grupo, assim como fazer com que o atleta titular tenha consciência que sua condição é temporária e por mérito. E isto tudo se constrói, entre outros, com uma boa gestão de grupo.
Logo, parece sim ser necessário construir relações humanas favoráveis ao seu crescimento pessoal e profissional, mas faço um alerta para os princípios que utilizará para construir tais alicerces – recomendo a leitura da coluna do Eduardo Barros para fazer esta reflexão em https://universidadedofutebol.com.br/a-sua-melhor-versao-te-leva-alem/.
Porém, na opinião deste que vos escreve, para manter-se na função e crescendo profissionalmente, será necessário alicerçar seu trabalho em princípios bem fundamentados – ou seja, ter muita competência técnica e buscar atualização constante.
E uma última reflexão que faço em minha conclusão vem de uma discussão com um grande amigo. Um dos maiores entraves para continuidade no desenvolvimento de um trabalho ganha corpo na “rivalidade” de competências: profissional acadêmico ou ex-jogador, líder técnico ou gestor de grupo, foco em formar jogadores ou vencer nas categorias de base, priorizar a teoria ou prática, treino analítico ou sistêmico. Talvez ainda não tenhamos superado estas dualidades e conseguido evoluir com as mais diferentes competências, mas isso pode ser um próximo assunto!
E você, leitor, o que acha deste tema? Escreva para rafael@universidadedofutebol.com.br e vamos debater!
Um grande abraço e até a próxima!

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