Treinador-problema

Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade
Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade
Sempre inovador dentro de sua trajetória no futebol, Emerson Leão criou uma nova categoria de treinadores de futebol. A do treinador-problema. Tal qual o craque-problema, o treinador-problema é aquela pessoa competente, que mostra resultados, mas no longo prazo pode ser mais sinônimo de prejuízo do que de lucro para o time.
 
Desde que teve sua malfadada passagem pela seleção brasileira, em 2001, Leão adquiriu o status de treinador top de linha. O reforço veio com o título inédito do Brasileirão de 2002 conquistado pelo Santos, com o treinador revelando astros como Robinho, Alex e Diego para o futebol e lapidando outros bons jogadores como Renato e Elano.
 
Bastou a conquista no Santos e a conseqüente volta por cima no futebol brasileiro para que o treinador, que até então se tornara uma solução, mostrar-se também um pequeno foco de crise para ser administrada.
 
O gozo pela vitória transformou Leão numa pessoa difícil de se trabalhar. A ironia nas respostas, a necessidade de ter comando centralizado e irrestrito sobre o departamento de futebol, a vigilância constante sobre o trabalho de seus jogadores.
 
Aos poucos, Leão foi deixando de lado o “futebol-bailarino”, que havia pedido para a seleção e conseguido adotar no Santos, para o “futebol-militar”, com uma disciplina e centralização de comandos acima do normal.
 
A linha dura de Leão, ou a “ditadurazinha”, como ele mesmo afirmou ter o interesse de implantar junto com o “futebol-bailarino” da seleção, acabou se tornando também o grande problema do treinador.
 
Desde que deixou o Santos em 2004, por fadiga na relação dentro e fora do clube, Leão virou a solução para equipes em crise de relacionamento. E é justamente aí que mora o perigo.
 
No São Paulo, a linha dura de Leão comprometeu o talento de Falcão, que após a segunda tentativa frustrada no futebol de campo voltou para o futsal, onde é o melhor do mundo. Depois, foi a vez de Luizão decidir deixar o clube num protesto velado à linha dura imposta pelo treinador. No fim, foi Souza, o principal assistente do time virtual campeão nacional de 2006, quem quase deixou o São Paulo por não concordar com a geladeira imposta ao treinador.
 
Campeão paulista, Leão saiu por cima no São Paulo, mas provavelmente não teria conseguido ser campeão da Libertadores como foi seu sucessor, Paulo Autuori. No embarque para o Japão, Leão disse que tinha uma dívida com um amigo para saldar. Em menos de meio ano, já voltou para o Palmeiras, com a missão de recuperar o time e alçá-lo à Libertadores.
 
Missão cumprida no Palmeiras, mas nem um ano de casa completado e Leão já se viu às voltas com os jogadores, imprensa, direção, associados… E foi demitido. Leão então virou a salvação da lavoura desordenada do Corinthians.
 
Contratado a peso de ouro, Leão pegou um clube sem comando. Em todas as esferas. Do presidente ao roupeiro, o Corinthians estava sem dono. E logo na chegada Leão despachou os dois astros do time, Tevez e Mascherano. Em dois meses comando do time, o Corinthians melhorou. Saiu da última colocação e agora é o primeiro dos rebaixados. Mas, a cada entrevista, Leão cria mais polêmica, bota mais lenha na fogueira, gera mais crise.
 
Leão inventou moda nos anos 70 ao fazer anúncio de cuecas. Agora, inventa outra ao criar um novo jargão para o futebol. A do treinador-problema.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

Autor

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Share on pinterest

Deixe o seu comentário

Deixe uma resposta

Mais conteúdo valioso