Já afirmei que o futebol nem sempre é sinônimo de saúde, como muitos imaginam. Sempre que abordo este assunto, as pessoas parecem ficar surpresas com este meu ponto de vista sobre o futebol, esporte que sem dúvida é uma das maiores manifestações culturais do século 20 e nada indica que não será assim, também neste século 21.
Muitas pessoas me questionam. “Medina como você, sendo professor e trabalhando no futebol há tanto tempo, pode falar mal do futebol?”
Penso que ter um olhar crítico sobre o futebol não significa necessariamente falar mal dele. Pelo contrário, toda visão crítica pode contribuir mais para a valorização das práticas esportivas, do que uma visão ufanista ou de senso comum.
Defendo que precisamos ter a capacidade para aproveitar o enorme potencial do futebol, para realmente assegurar a promoção da saúde, educação e cultura.
Se o esporte em geral, e o futebol em particular, fosse algo bom por si só, que dispensasse a necessária intervenção competente, positiva e pró-ativa de seus agentes, não veríamos em vários momentos exemplos de atletas envolvidos em drogas, atos de violência e corrupção que se repetem dentro e fora dos campos.
Cabe, portanto, àqueles que são os atores responsáveis pelas práticas esportivas, ou seja, treinadores, atletas, líderes comunitários e dirigentes, terem sempre em mente os valores que devem permear o esporte: solidariedade, cooperação, busca de superação dos limites, constante aperfeiçoamento, o espírito democrático, respeito aos nossos oponentes etc.
Com uma visão crítica que dê mais clareza quanto à forma em que as relações sociais se dão no interior das atividades lúdicas, educativas e competitivas, talvez, possamos realmente entender o esporte e, em especial, o futebol, como um privilegiado instrumento que auxilia o desenvolvimento do ser humano de uma forma geral.
Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br