Em termos externos, 2005 está terminando de forma muito positiva para o futebol brasileiro. Que país não gostaria de estar no nosso lugar? Nossa seleção se classificou em primeiro para a Copa do Mundo e foi campeã da Copa das Confederações de forma brilhante, vencendo com uma goleada os velhos adversários argentinos no jogo final. O organizado São Paulo foi tricampeão mundial interclubes, batendo o Liverpool, nada menos que o campeão da badalada Champions League deste ano. E, finalmente, nosso Ronaldinho Gaúcho foi escolhido como o melhor jogador do mundo pelo segundo ano consecutivo. Que mais poderíamos querer?
Tais conquistas só fazem fortalecer o prestígio e a admiração do mundo em relação ao nosso futebol. De negativo, no âmbito internacional, talvez apenas o fracasso de Vanderlei Luxemburgo e sua equipe de auxiliares brasileiros no Real Madrid, um dos times mais poderosos do mundo.
Embora o saldo seja inegavelmente positivo, é bem verdade que, no âmbito doméstico, as coisas não terminaram tão bem assim, ainda mais se compararmos o andamento do futebol dentro do Brasil com o nosso sucesso internacional.
O Campeonato Brasileiro da série A, conquistado pelo Corinthians, ficou manchado pelo escândalo na arbitragem e por uma seqüência de trapalhadas que se seguiram à denúncia sobre manipulação de resultados. E, paradoxalmente, em nome da justiça, talvez tenham sido cometidas ainda mais injustiças.
Outra característica de 2005 foi o destaque dos jogadores estrangeiros como os melhores nas competições nacionais. Nomes como Tevez, Gamarra, Lugano, Petkovic, Renteria brilharam no Brasileirão. Por outro lado, os veteranos Romário e Edmundo foram os grandes nomes nacionais do torneio, o que evidencia a existência de um espaço que deveria ser ocupado por jovens talentos do nosso tão decantado celeiro de craques. E isso deixa ainda mais nítido o fato de que nossos melhores jogadores simplesmente não jogam aqui. Estão todos mostrando sua arte no exterior.
E o que esperar do próximo ano em termos futebolísticos? A resposta é simples. Continuar brilhando no âmbito internacional e, se possível, conquistar o campeonato mundial pela sexta vez. Seria sensacional, não? E, convenhamos, poucos duvidam de que temos amplas condições de conseguir mais esta façanha.
O problema continuará sendo as nossas questões domésticas. Será que veremos o surgimento de novas lideranças entre os dirigentes que conduzem os destinos do nosso futebol, combatendo esta estrutura viciada que insiste em permanecer no poder, sem medo de retaliações e suspensões? Teremos dirigentes que sejam capazes de defender suas teses sem receio de verem seu time excluído de competições importantes? Que tenham coragem de perder no curto prazo para que todos possam ganhar no longo prazo? E que finalmente nos permita ter a esperança de vermos nossos clubes e nossas estruturas realmente se profissionalizando?
Vamos torcer para que isso ocorra em 2006!
Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br