O futuro do jornalismo esportivo

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“Se você quiser ser jornalista no esporte, não vá para a televisão. Fique no jornal ou na revista”. Ouvi essa previsão durante um almoço em 1998, ainda com a careca que simboliza a entrada na faculdade (e não o sinal dos tempos) de meu tio, muito mais experiente e estabelecido na profissão.
 
O aviso desde então martela em minha cabeça. Jornalismo, no esporte, não existe na TV. Passados oito anos daquela “profecia”, é que cada vez mais claro que, na televisão, o esporte tem de ter o status de entretenimento.
 
Sim, com a importância que o esporte adquire nas grades de programação das emissoras, sem dúvida que o espaço para o jornalista diminui paulatinamente dentro das transmissões esportivas.
 
Não é difícil perceber isso no dia-a-dia. O que podemos falar sobre as mesas-redondas infindáveis dos domingos? Quantas informações são de fato transmitidas para os telespectadores nas noites de domingo? Apenas os gols da rodada são informativos. Do restante dificilmente extraímos alguma coisa.
 
E as transmissões esportivas são, cada vez mais, shows para entreter o público, para aumentar a audiência de quem transmite e assim ganhar a concorrência do filme, da mulher semi-nua do outro canal, do cinema com a namorada…
 
Por isso mesmo que, recentemente, a classe jornalística se pegou numa discussão sobre a proibição a comentaristas que são ex-jogadores de futebol. Por que eles não podem pegar os microfones e falar ao público com o gabarito de quem já esteve em campo?
 
Oras, deixemos a hipocrisia de lado. Qual a função do comentarista para a empresa que o contrata? Assegurar bons índices de audiência para o canal. Sendo assim, se na transmissão já existem dois repórteres de campo para levar as informações sobre os atletas, por que é preciso um jornalista para comentar e levar as mesmas informações ao telespectador? Não é melhor chamar alguém de renome para os comentários? Isso não garante índices maiores de audiência? Sem dúvida que sim…
 
Além disso, é importante lembrar que o futebol na TV, hoje, é um produto como é o filme da segunda-feira, o humorístico da terça e por aí vai. Ou seja, não é possível assumir uma visão crítica imparcial e detonar o produto, já que a emissora depende dele para ter receita com publicidade.
 
O esporte na televisão é, acima de tudo, um espetáculo de entretenimento. Resta ao jornalista ter discernimento para não cair na bobeira de achar que ele faz parte do show. Sua função é informar. Deixa a representação para outros palcos.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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