Romário é o maior jogador do futebol brasileiro desde Pelé. De fato, os números comprovam a eficiência do Baixinho. Ele já venceu de tudo um pouco e, ainda por cima, consegue aos 41 anos de idade ser letal dentro da grande área. Mas não deveria ser por isso que a lei estivesse acima de Romário.
Em dezembro do ano passado, a Máquina do Esporte levantou a lebre de que Romário não teria condições de defender o Vasco antes de julho de 2007. A repercussão do caso aumentou, e a discussão foi parar na Fifa, estância máxima para resolver os problemas do futebol. No final das contas, a Fifa lavou as mãos. Deu à CBF a incumbência de decidir se Romário poderia ou não entrar em campo pelo Vasco, mesmo que isso desrespeitasse uma de suas normas.
No final das contas, Romário já reestreou pela milésima vez no Vasco, em busca do milésimo gol. Pelas contas dele, faltam dez. Por algumas outras contas, podem faltar mais de cem… O fato é que a Fifa burlou sua própria norma para conceder ao Baixinho o privilégio que até hoje apenas Pelé foi capaz de ter reconhecido o feito da ultrapassagem dos mil gols.
Ok, a repercussão mundial do feito de Romário será importante para a Fifa, para o Vasco, para Romário. Mas o “jeitinho” dado por todos para que Romário jogasse foi um tiro no pé da gestão do futebol mundial. O Baixinho mais uma vez foi genial, conseguindo burlar uma norma da Fifa com o aval da própria Fifa! Mas seu caso abre um grave precedente.
A partir de agora, cairá o veto às transferências internacionais dos atletas. Ainda mais com o fim do passe no mundo inteiro, o futebol vai virar um festival de idas e vindas, chegadas e saídas. E, com isso, quem perde é a organização do espetáculo. É, mais ou menos, como uma peça de teatro ter o seu elenco substituído a cada show. E o entrosamento? E a qualidade do espetáculo?
Romário chegará aos mil gols. Mas a um custo grande demais para o futebol mundial.
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