O poder do microfone

Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade
Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade
Pirambu era, até a última quarta-feira, um desconhecido time de Aracaju. Mais incógnito ainda era Alan, o goleiro da equipe sergipana. Até que o Pirambu cruzou no caminho do Corinthians…
 
Mais do que a glória de empatar com o poderoso alvinegro, o que surpreendeu mesmo no Pirambu não foram os driblres de Saci nem as defesas seguras de Alan durante os 90 minutos.
 
Após o heróico empate, Alan, eleito o melhor da partida, foi alvo das entrevistas de todas as emissoras de TV. E por lá estavam Band e Globo, representando cerca de 60% do território nacional em termos de visibilidade.
 
E então Alan, driblando a mesmice que cercam entrevistas de atletas de times menores contra os grandes, marcou um golaço. Quando questionado sobre a quem dedicava a partida, usou o microfone da TV para alertar o país sobre o assassinato de seu pai no interior da Bahia.
 
“A Justiça no país deixa a desejar. Três meses após o assassinato, descobriram quem matou meu pai, mas pessoas que conheciam o culpado o encobriram”, afirmou o atleta, referindo-se ao crime ocorrido em Olindina, na Bahia.
 
O repórter Fernando Fernandes, da Band, se surpreendeu com a resposta nada comum à batida pergunta. Mais do que dedicar a atuação ao pai morto, Alan culpou a morosidade da Justiça do país e advogou em causa própria, pedindo a solução para mais um crime num país que não soluciona 95% dos seus homicídios.
 
Porém, mais do que advogar em causa própria, Alan mostrou o poder que tem o microfone.
 
Seu protesto nunca seria ouvido se não fosse o jogo contra o Corinthians. E, agora, a discussão de seu caso pode ser agilizada na Justiça brasileira. Tudo isso só foi possível depois que o goleiro usou a TV para desabafar.
 
O poder que a imprensa adquire, muitas vezes, é maior que o de qualquer outra esfera pública. Alan percebeu isso e usou o microfone para alertar sobre o seu problema. Mas, o que mais assusta, é a maneira como a imprensa encara um assunto como esses.
 
A irresponsabilidade de muitos jornalistas com a veracidade da informação, ou com o próprio impacto que uma informação errônea pode ter, acaba sendo responsável por um descrédito das pessoas com a notícia que recebe.
 

Se mais Alans trabalhassem nos veículos de comunicação, quem sabe evitaríamos debates infindáveis nas mesas-redondas de domingo…

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

Autor

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Share on pinterest

Deixe o seu comentário

Deixe uma resposta

Mais conteúdo valioso