O Exemplo do Leeds United

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Dias atrás, foi confirmada a queda do Leeds United para a Terceira Divisão do Campeonato Inglês. Sim, o Leeds. Aquele que certa vez contratou o Roque Júnior e que entrou na disputa pra levar o Ronaldinho Gaúcho do Grêmio. O mesmo Leeds que há seis anos atrás brigava com o Valencia nas semifinais da Liga dos Campeões. Há seis anos, o Leeds era pro mundo esportivo o que hoje são Liverpool, Chelsea, Manchester United e Milan. Hoje, parece mais com o Bahia.
 
O declínio do Leeds é resultado da convergência de uma série de fatores técnicos, mas todos derivados essencialmente de uma questão econômica.
 
Na temporada seguinte após a surpreendente chegada às semifinais da Liga dos Campeões, o Leeds se reforçou em campo. Para tal, colocou em campo jogadores como Paul Robinson, Woodgate, Rio Ferdinand, Danny Mills, Dacourt, Bowyer, Robbie Fowler, Robbie Keane, Viduka, Kewell e Alan Smith. A aposta era ir bem no Campeonato Inglês e conseguir a classificação para a Champions League da temporada seguinte.
 
No final da temporada, cinco míseros pontos separaram o Leeds da Liga dos Campeões. Com o quinto lugar do campeonato, o time conseguiu apenas a classificação para a Copa da Uefa. Foi o começo do desastre. Tão logo o time perdeu a vaga, a diretoria anunciou que no começo da temporada, ela havia realizado um empréstimo gigantesco para conseguir bancar as contas do time. A idéia era que tal time conseguiria a classificação para a Liga dos Campeões, e o empréstimo eventualmente seria pago com a enorme soma de dinheiro que viria de patrocinadores, direitos de televisão e dos dias de jogos. Foi uma aposta arriscada. Que não deu certo.
 
O time perdeu a vaga e, consequentemente, toda a receita futura projetada. No final das contas, o time não conseguiu bancar o empréstimo e muito menos o salário dos jogadores. Como resultado, atletas foram vendidos por conta do desespero fiscal, que implica diretamente em menor poder de barganha, e os novos contratados correspondiam à realidade do caixa do clube. Deu-se início a um espiral de declínio. O clube entrou num ciclo vicioso de péssima performance e péssimo fluxo de caixa.
 
O Leeds até conseguiu escapar do rebaixamento na temporada imediatamente seguinte. Mas na outra não deu. O time caiu pra segunda divisão e, com o enorme montante de dívidas, que quase bateu nos R$ 500 milhões, começou a ser passado de mão em mão, de dono em dono.
 
Com alguns sacrifícios, a direção do clube resolveu zerar a dívida, ou seja, fechou a torneira para maiores pagamentos. No sistema futebolístico um pouco mais racional que é o futebol inglês, isso significa em imediata perda de performance. Culminou, agora, com o rebaixamento para a terceira divisão.
 
A idéia, porém, é que o clube possa se reerguer em breve, com as dívidas zeradas, e alcançar a glória de outrora. Talvez tenha chegado ao fundo do poço, mas foi a conseqüência natural de uma aposta financeira extremamente arriscada. Qualquer pessoa que pense com o mínimo de lógica dentro do mundo do futebol sabe que não se contrai dívidas pensando que estas serão pagas a partir da receita gerada pelos resultados em campo. Contrai-se dívida que possam ser controladas, em investimentos mais palpáveis e não tão dependentes da ação do acaso.
 
O Leeds é um caso clássico que uma boa parte dos maiores clubes do Brasil deveria prestar atenção. Eles pagam um preço caro por uma atitude racionalmente errada, mas que tende a não ser tão incomum por terras tupiniquins.
 
É claro que uma dívida aqui talvez não signifique a mesma coisa que uma dívida por lá. Porém, com a ascensão do mercado financeiro por essas bandas e com a responsabilidade fiscal passando a desempenhar um intenso papel no mercado nacional, os clubes que ainda se arriscam nesse tipo de aposta podem começar a pagar caro, assim como o Leeds vem pagando há um bom tempo.
 
Esqueçam o Manchester United, o Chelsea, o Liverpool ou o Arsenal. O melhor exemplo do futebol inglês para o futebol brasileiro, acredite, é o Leeds United.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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