Sobre Clubes-Empresa

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De um modo geral, impera um sentimento no futebol brasileiro que a salvação para os clubes é a transformação do status de associação desportiva em empresa ou, no caso, em clube-empresa.
 
Não sou jurista e também não sei muito sobre os diversos aspectos legais que envolvem tal transformação. Porém, isso não impede que tal transformação não possa ser analisada sob um aspecto mais amplo.
 
Aparentemente, a grande questão que permeia a discussão é sobre quem incide a responsabilidade pela suposta má administração de boa parte das maiores organizações esportivas do país, que na sua maioria funcionam quase que exclusivamente em razão do futebol.
 
Confesso que não consigo entender exatamente por que uma empresa seria melhor que um clube nesse aspecto.
 
Tudo bem que uma associação desportiva tenha lá diversos benefícios fiscais e tudo mais, mas não são todas as associações, acho, que possuem dívidas e cometem irresponsabilidades ficais. Assim como as empresas brasileiras não são necessariamente um exemplo de comprometimento e responsabilidade social.
 
Talvez aí esteja o ponto mais importante.
O problema, possivelmente, está muito menos na característica societária da organização do que nas ações daqueles que possuem o controle dela.
 
Quantas empresas você conhece que já faliram?
Quantas empresas você conhece que praticam atos condenáveis e irresponsáveis?
 
Não são poucas, imagino.
Nem por isso, elas deixam de existir no Brasil.
Nem por isso, seus acionistas são presos.
Tal qual acontece com as associações desportivas.
 
Pra piorar, ao se transformar em empresas, os clubes se fecham em si.
Só entra quem for convidado.
E olhe lá.
 
Tudo bem que isso também não acontece no Brasil. Boa parte dos clubes não possui liberdade associativa. Mas alguns, grandes, possuem.
Acabar com a possibilidade de se vincular a uma associação esportiva, e eventualmente poder participar do controle da mesma, seria um crime contra a liberdade do torcedor.
 
Uma grande crítica que se faz a clubes europeus que viraram empresas é a falta de interação entre eles e o seu público. Questiona-se, e muito, modelos como o do Manchester United, por exemplo. Um clube, argumenta-se, não é de uma só pessoa, e deve sempre existir a possibilidade do mínimo controle pelo seu torcedor. Pelo menos o direito a voto. Coisa que não existe numa empresa.
 
O debate sobre esse assunto é muito extenso e não é limitado ao que aqui foi exposto, tampouco àquilo que você normalmente lê.
Prometo que volto abordar esse assunto caso, é claro, você ache necessário.
 
Porém, tal transformação não pode ser vista de maneira simplista e descabida.
É preciso ponderar os prós e contras de cada situação.
Afinal, são coisas desse tipo que podem mudar os rumos do futebol nacional, para pior ou para melhor.
 
É preciso parar pra pensar.
É preciso parar pra analisar.
E é preciso, de uma vez por todas, parar de achar que o Manchester United serve de exemplo pra alguma coisa.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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