A Federação Internacional de Futebol (Fifa) vetou a realização de jogos oficiais internacionais em estádios que estejam situados a mais de 2.500 metros de altitude.
A decisão provocou reações de praticamente todos os países que usufruem da vantagem de jogar em condições que dificultam em graus distintos os jogadores adversários, dependendo da altitude e do perfil biológico e psicológico de cada atleta.
Os estudos que tentam demonstrar os malefícios da prática de exercícios físicos intensos, por pessoas sem adequada adaptação à altitude, variam. O leque vai desde leves sintomas como fadiga excessiva, náuseas, tontura, enjôo até alegação de riscos de morte.
A Bolívia, que possui estádios como o de La Paz, com mais de 3.500 metros, está protestando bastante. Até seu presidente Evo Morales, aficionado pelo futebol, fez um pronunciamento oficial condenando a atitude da FIFA. Já o presidente da Federação Boliviano de Futebol chegou a afirmar que a medida tem conotações políticas e nitidamente discriminatórias.
Peru, Equador, Colômbia e México, em situação semelhante ao da Bolívia, também reclamam da medida que consideram arbitrária.
A Fifa alega que a decisão foi tomada apoiada por razões médicas e que a intenção é proteger a saúde dos jogadores.
O interessante, entretanto, é que o próprio presidente da Fifa, Joseph Blatter, em fevereiro de 2000, defendeu o direito de a Bolívia jogar na altitude. Afirmou ele: “Eu nasci nas montanhas. Meu povo na Suíça está diante das montanhas mais altas da Europa. Por isso não tenho medo da altura”. Esta frase está escrita em uma placa colocada em frente ao Estádio Hernando Siles em La Paz.
Embora quem acompanhe de perto o futebol saiba que alguns atletas enfrentam, de fato, problemas sérios quando vão jogar na altitude, não há como deixar de dar razão aos argumentos de que a medida da Fifa tenha sido discriminatória e arbitrária.
Afinal se é para proteger a saúde dos jogadores por que permitir jogos em Copa do Mundo em horários onde a temperatura ultrapassa os 40 graus?
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