Cuidado com a crise

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O gerenciamento de crise é uma das tarefas mais difíceis e ingratas dentro de um plano de comunicação de um clube. Derrota do time, balada do jogador, queda de treinador, seqüência de derrotas, rebaixamento… Praticamente durante todo o ano um clube tem de enfrentar pelo menos uma crise. E, quase sempre, são raros aqueles que estão de fato preparados para combater seus efeitos.
 
Neste começo de ano, o clube mais turbulento entre os 20 que disputarão a Série A do Brasileiro parece ser o Santos. A primeira crise veio logo que Emerson Leão assumiu o comando. Ele criticou as condições que foram deixadas por seu antecessor (e desafeto) Vanderlei Luxemburgo na sala de recuperação de atletas. O espaço, que era decantado pelos santistas como a nova menina dos olhos do clube, estava, segundo Leão, abandonado, com equipamentos em falta e que haviam sido levados pelos antigos comandantes.
 
Declaração polêmica, que acertava em cheio não apenas Luxemburgo, mas a própria diretoria do Santos. Diretoria que se calou e demorou a se pronunciar. Nos dias que sucederam a troca de farpas pela imprensa, muito se criticou, de todos os lados.
 
Essa crítica da imprensa é a prova da necessidade de ser ágil quando aparece uma crise no local de trabalho. A demora dos santistas em explicarem as insinuações de Leão deixou no ar aquele gosto de que o treinador não estava assim tão errado.
 
Hoje virou moda no site da CBF a publicação de notícias com o título: “equívocos da imprensa”. É uma espécie de resposta da máxima entidade do futebol nacional a notícias que não lhe sejam favoráveis e que tenham sido veiculadas em algum meio. Pode parecer uma atitude tola, muitas vezes é só picuinha contra um veículo ou um determinado jornalista. Mas é eficiente.
 
Desde 2001, quando viveu o caos de imagem por conta das CPIs e do péssimo desempenho da seleção dentro de campo, que a CBF tratou de dar “um tapa” na imagem. De inexistente, a assessoria de imprensa do time de futebol mais cobiçado do mundo passou a ser atuante, pró-ativa, fiscalizadora. A CBF deixou de ser um antro de obscuridade. Passou a publicar tudo conforme a lei mandava, deu mais informações sobre os campeonatos que organiza, começou a resgatar a história da seleção brasileira, trouxe dados importantes sobre os jogadores do passado e do presente.
 
Enfim, passou a se comunicar. Tanto com o jornalista quanto com o público. Ainda com muitas falhas, mas com uma premissa básica: a crise seria gerenciada assim que surgisse um problema na imprensa. Seja por meio do site, com um desmentido oficial, seja em telefonemas para jornalistas de Rodrigo Paiva, principal membro da equipe de assessoria de imprensa.
 
Hoje, a agilidade da CBF em falar com o público e também em atender à imprensa fez com que a imagem da entidade mudou. Não existem mais críticas feitas a torto e a direito, sem nenhuma resposta do outro lado. A seção “equívocos da imprensa” é hoje cada vez menos necessária, já que o jornalista passou a procurar a entidade antes de descer a crítica, de falar esperando o silêncio do outro lado.
 
No futebol, com a pressão por resultados exercendo enorme influência na tomada de decisões de todas as esferas internas de um clube, a comunicação tem de ser eficiente. Para gerenciar uma crise, é preciso agilidade, clareza nas respostas e paciência no trato com o jornalista. Do contrário, a credibilidade de uma instituição é colocada em xeque.
 

É só lembrar o caso do pivô de basquete Nenê Hilário, que recentemente detectou um câncer no testículo. Em vez de ir a público e desde o início falar sobre sua situação, Nenê enviou uma nota dizendo que tinha uma doença e iria tratá-la. Foi criado um grande mistério em torno do que seria o problema, levando a diversas especulações por parte da imprensa mundial. Nenê caiu no descrédito quando, depois de quase uma semana, foi finalmente revelar o que tinha. Não precisava ter passado por mais esse desgaste se tivesse tido uma comunicação efetiva desde o início. Mas o planejamento de comunicação já é tema para outra coluna…

Para interagir com o colunista: erich@universidadedofutebol.com.br

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