Doença patológica

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Uma coisa é reverenciar um possível futuro craque do futebol brasileiro, cada vez mais decisivo quando entra em campo e cada vez mais com cara de craque real, e não em potencial.
 
A outra é banalizar a informação.
 
Até agora, todas as estréias de Alexandre Pato foram memoráveis e dignas de nota. A começar em 2006, no Internacional, quando em seu primeiro toque na bola como profissional Pato colocou a redonda no fundo da rede palmeirense numa goleada vexatória do Inter sobre o Palmeiras. Para melhorar, em três jogos como atleta profissional, Pato já tinha no currículo um título mundial de clubes, feito que nenhum outro jogador alcançou na história.
 
Poucos meses depois, e Pato quebrou outro recorde. Foi para o Milan, em transação astronômica, para ficar apenas esperando completar 18 anos e poder, de fato, estrear pelo clube italiano. Antes, em amistoso, jogou e, para variar, marcou. Depois, para valer, entrou em campo e mais uma vez fez um gol na partida de estréia.
 
Na última quarta-feira, Pato seguiu a sina de estréias antológicas. Num lance de sorte e extrema competência, deu o ar da sua graça no sempre insosso amistoso entre Brasil e Suécia. Fez o gol da vitória no seu primeiro chute com a camisa brasileira. O único do jogo: tanto o chute, quanto o gol.
 
Pronto, era o que bastava!
 
Liderada por Galvão Bueno (!?!?), a imprensa começou a fazer um escarcéu de que a estréia de Pato na seleção era tão magnífica quanto os primeiros jogos de outros craques da nossa história, como Pelé, Zico, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho. Todos eles, no debute brasileiro, colocaram a bola na rede adversária.
 
Só que, para variar, a doença patológica contamina a maior parte da imprensa. O fenômeno Pato parece que turva a mente das pessoas. Ou pelo menos o bom senso delas.
 
Ok, Pato de fato parece cada vez mais fadado ao pleno sucesso ao longo da carreira recém-iniciada. Só que não dá para querer colocá-lo, em exigência e performance, no mesmo nível de excelência de consagrados jogadores do país.
 
Pato fez um gol pela seleção. O primeiro no seu primeiro jogo como profissional pelo time brasileiro. Mas não dá para jogar nas costas de Pato a responsabilidade de ser, para a equipe nacional, um atleta do calibre de Zico, Pelé e Rivaldo. Já exclui Ronaldinho Gaúcho da lista. Porque, até hoje, sua maior contribuição foi a conquista da Copa das Confederações, em 2005. Nada perto do que o cracaço de bola e tão ou mais reverenciado que Pato no início de carreira fez pelo Barcelona em 2006.
 
É preciso dar tempo para a maturação de Pato. Antes disso, é impossível credenciá-lo como um fenômeno da bola. Quem sabe a liderança brasileira na conquista dos Jogos Olímpicos, coisa que nenhum outro craque conseguiu, permita-nos dizer que Pato é divino.
 
Porque, até agora, ele fez apenas um gol em sua estréia pela seleção.
 
Coisa que, além de Pelé, Zico, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho, também o fizeram Anderson Polga, Cristóvão, Donizete Pantera, Leandro Machado, Zé do Carmo…
 

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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