Acontece com a China, pode acontecer com o Brasil

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A tocha olímpica, sabe-se, não passará pelo Brasil. Só pela Argentina. Amanhã.
Isso se, e apenas se, o Comitê Olímpico não resolver acabar com a brincadeira antes disso para evitar que aconteça um panelaço de água fervente para apagar a tocha. Afinal, o negócio está complicado.
 
A grande idéia da China é promover o país através dos Jogos Olímpicos, uma vez que são poucas as coisas que dão mais publicidade no mundo do que os Jogos Olímpicos em si. Entretanto, é justamente esse o problema. Como o mundo está olhando, todos aproveitam para aparecer, inclusive – e principalmente – os movimentos sociais mais oprimidos. É o caso da China e do Tibet. Ninguém duvida que a China ta crescendo, que ta ficando bacana e tudo mais. Entretanto, hoje ninguém mais pode negar que por mais que o país esteja entrando em uma fase mais aberta, capitalista e tudo mais, ainda mantém costumes opressores e ditatoriais. E a grande vantagem da ampla exposição – você pode eventualmente entender como liberdade de imprensa – é a possibilidade de se ver os dois lados da história.
 
Essa é uma característica bastante peculiar de mega-eventos. Muita exposição gera muita vontade de aparecer, para todos que estão sendo expostos. E não será diferente na Copa de 2014. Enquanto o Brasil ganhará muito com a exposição institucional planejada, ele pode vir a perder bastante pela exposição de idéias e de movimentos contrários ao establishment.
 
De um modo geral, o Brasil se destaca por ser um país relativamente calmo no ambiente das disputas históricas e geográficas. As regiões nacionais não se odeiam mutuamente como acontece muito em outros continentes mais antigos e a vizinhança também não cria muitos problemas. Pelo menos por enquanto. É possível que a linha governista atual não continue até a Copa, o que pode gerar uma mudança na sensível boa-vontade corrente dos movimentos sociais mais atuantes do país, o que eventualmente poderá descambar para protestos mais efusivos e expostos em escala global. Como aparentemente nenhum movimento nacional possui um forte suporte de outras organizações internacionais, a amplitude desses protestos dificilmente causará comoções como o ‘Free Tibet’ tem causado.
 
O problema, talvez, são os organismos internacionais voltados para causas ambientais. Se eu fosse apostar, diria que serão os que mais irão aparecer para o mundo, defendendo a Amazônia, o Pantanal, a Mata Atlântico e afins. O Brasil não tem tido muito sucesso em preservar essas regiões e a pressão externa cresce a cada dia que passa. Que essa questão será explorada em 2014 é quase certo. Resta saber se o país irá aparecer para o mundo como a nação que salvou a grande área verde do planeta ou como a que está acabando com a pouca reserva florestal que nos resta. Até a Copa tem tempo e isso pode ser muito bom. Mas também pode ser muito ruim.
 

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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