“O Futebol realmente é um esporte diferenciado. Não pela estrutura, dimensões do campo ou quantidade de dinheiro envolvido em competições. É sim diferenciado porque tem um “montão” de “especialistas”. Todo mundo acha que pode ser técnico (com soluções para qualquer problema tático do jogo), mas poucos são os que se entendem para definir o que realmente é melhor ou pior para uma equipe.
Certamente alguém deve ter razão em alguma coisa, tamanha a quantidade de teorias e bobagens que se escuta por aí. Não é possível que tanta coisa possa ser jogada fora. O fato é que mesmo quem devia saber algo mais, acaba não trazendo nada de novo.
Outro dia no Café dos Notáveis, que me rende momentos muito interessantes, presenciei uma acirrada discussão sobre o que era mais importante no Futebol: a armação tática da equipe ou a habilidade técnica individual dos jogadores. Mais ao longe na conversa ainda explanaram, quase que em conclusão, que certamente a insistente melhora do rendimento físico e a exagerada preocupação tática dos técnicos estava desprivilegiando os talentos individuais.
Pois bem, cartas postas na mesa, tive a plena convicção de que realmente as más informações contaminaram e por muito tempo continuarão contaminado gerações de terráqueos.
Para expor meu ponto de vista sobre o assunto, falarei brevemente de outra modalidade, já que se caminhar pelo Futebol corro o risco de causar irritação e descontentamento antes mesmo da argumentação final. Isto realmente não seria bom, pois idéias erradas poderiam contribuir para que as más informações se fizessem ainda mais fortes.
Comecemos então com um pensamento rápido. Qual o melhor basquete do mundo? É muito provável que você tenha pensado no Basquete da NBA. Se assim não foi, realmente pode parar a leitura por aqui. Nada poderei te acrescentar que você não duvide tanto, que não seja capaz de acreditar.
Na NBA diversas jogadas que assistimos podem ser chamadas de Arte. É inegável a grande qualidade técnica de diversos jogadores do Basquete norte-americano. Algumas regras das competições contribuem para que o espetáculo seja sempre surpreendente e empolgante. Pois bem, sem esquecer estas colocações, não nos deixemos iludir; lá a preparação física é coisa muito séria e os jogadores, cientes de serem atletas são tratados como tal. Taticamente não é preciso nem dizer; dos esportes coletivos, talvez seja o Basquete um dos mais táticos ofensivamente e defensivamente.
Então pense rápido novamente. Por que na NBA existe uma preparação física de ponta, uma modelação tática bem definida e jogadores talentosos dentro de um mesmo ingrediente?
Desta vez a resposta é mais simples ainda; jogadores técnicos e talentosos podem coexistir com uma preparação física privilegiada dentro de esquemas táticos definidos simplesmente porque a preparação física e tática permitem a evidência das qualidades técnicas dos jogadores, e não o contrário.
Jogadores bem preparados fisicamente podem realizar tarefas motoras com menor gasto energético, raciocinam melhor e ainda podem explorar todo seu talento. Taticamente, a habilidade técnica, sob meu ponto de vista, é quem permite o desfecho com êxito ou fracasso de algo previamente pensado.
Sendo assim, no Futebol, existem dois erros na discussão que presenciei no Café dos Notáveis. O primeiro, creio que já fora esclarecido. O segundo está na afirmação de que “a preocupação tática exagerada dos técnicos acabam por desprivilegiar talentos individuais”.
Meus amigos, bem já disse e expliquei a relação entre tática e técnica (então não é sobre este aspecto que tenho mais a falar). O que quero dizer agora é que não existe preocupação exagerada por parte da maioria dos técnicos de Futebol sobre o aspecto tático. Como podem se preocupar com uma coisa que não dominam, simplesmente reproduzem. É fato que talentos, nas mãos de grandes técnicos se sobressaem. Sabe por quê? Justamente porque grandes técnicos realmente entendem o significado de “esquemas táticos”.
ATENÇÃO! ATENÇÃO!
Ainda que essa discussão toda sobre a preparação física, técnica e tática (como fora colocada) já fora há muito superada, para alguns ainda soa como novidade. Para os outros, a periodização tática, a desfragmentação do treino e a teoria do jogo são os nortes atuais de um “antigo futebol atual“.
Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br