O peso do negócio

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Na semana passada abordamos aqui neste espaço a influência que a notícia tem no cotidiano das pessoas, o quanto a mídia consegue influenciar os atos das pessoas a partir do retrato de acontecimentos do dia-a-dia. E não é que, durante a semana, temos um claro exemplo de como, quando o assunto é futebol, o negócio é capaz de atropelar a notícia dentro de uma grande emissora de televisão ou de rádio.

Quarta-feira, dia 25 de junho, LDU e Fluminense se enfrentaram na primeira final da Copa Libertadores. Em toda a programação das emissoras de TV e de rádio, quase só se falou nisso. Os jornais de São Paulo estamparam o tricolor das Laranjeiras em sua capa nos dois dias que antecederam a decisão. As rádios dedicaram parte de sua programação para falar do Flu. As Tvs mostravam imagens do treino, discutiam a tática adequada para jogar na cidade de Quito, etc.

Às 21h50 de quarta-feira, porém, o torcedor em São Paulo teve uma, digamos assim, surpresa ao ligar a TV ou sintonizar o rádio e deparar com Corinthians x Bragantino pela oitava rodada do Campeonato Brasileiro da Série B.

Bairrismo? Imprensa corintiana? Interesse de patrocinadores?

Nenhuma das alternativas anteriores. Pura e simplesmente o negócio falou mais alto que a notícia entre as emissoras que precisam da transmissão ao vivo para ter grandes anunciantes.

No contrato da Globo com seus patrocinadores do futebol, ou das rádios com seus anunciantes, existe um comprometimento para que o índice de audiência nos jogos transmitidos fique numa média pelo menos igual à dos últimos anos. Ou seja, quando o cotista da TV paga, por exemplo, mais de R$ 40 milhões para ser o anunciante do futebol da Globo, ele sabe que tem de haver um número x de televisores ligados para que o dinheiro valha a pena.

E, na cidade de São Paulo, o que é mais lógico? Assistir a um jogo do Fluminense, time que tem a 12ª maior torcida do Brasil ou a uma partida, mesmo que da Série B, do Corinthians, detentor da segunda maior massa de torcedores do país e da número 1 da cidade?

Não à toa, a média de audiência da partida corintiana em São Paulo foi de 26 pontos no Ibope, número que segue a tendência dos últimos anos na emissora. Para piorar, com a Record no encalço pela liderança nesse horário, nada melhor do que manter a audiência em alta.

No dia seguinte aos jogos, jornais paulistas destacaram a vitória da LDU da mesma forma que, em 95, celebraram a conquista do Grêmio na Libertadores, ou em 97 e 98 os títulos continentais de Cruzeiro e Vasco, respectivamente. Na TV e nas rádios, o jornalismonão também não foi abandonado, tendo espaço a cobertura do tricolor carioca e de sua missão para esta quarta, dia 2.

O negócio da TV e da rádio é ter audiência. Para isso, precisam ter consciência de que, às vezes, aquilo que é notícia nem sempre é o melhor negócio. Nos jornais, em que o consumo da informação é parte do cotidiano das pessoas, o que é notícia geralmente está à frente do que é negócio…

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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