Poucas coisas demonstram mais a diferença entre o futebol brasileiro e latino-americano do futebol europeu do que uma comparação entre a Copa América e a Eurocopa.
No papel, as duas são essencialmente a mesma coisa. Ambas são os únicos campeonatos de seleções oficiais da confederação continental em questão. Mas se você olhar direitinho, vai ver que as diferenças são gritantes. Quer dizer, talvez a olhada não precise nem ser direitinha. Basta ser uma olhada qualquer que você ainda assim vai conseguir ver as enormes diferenças.
Apesar dos dois serem torneios continentais, existe uma grande diferença entre eles. A Eurocopa assume essa posição como evento continental e abre as portas como um grande evento de confraternização da Europa. Era possível ver, dentro e fora dos estádios, torcedores de todos os países, da Suécia à Turquia, cantando, gritando, confraternizando, bebendo e brigando. Mais ou menos nessa ordem.
O próprio evento em si foi muito bacana. Simples, mas bonito. Poucos novos estádios foram construídos para esse evento, as cerimônias, tirando o Enrique Iglesias, foram bacanas, e o evento veio e foi de forma tranqüila.
Já a Copa América é um evento continental no nome, mas de abrangência local. Difícil supor que muitas pessoas viajaram para a Venezuela para acompanhar a sua seleção. O mais provável é que boa parte da torcida presente nos estádios fosse composta por venezuelanos e por expatriados residentes por aquelas bandas. O evento é das Américas, mas o uso é quase exclusivamente venezuelano.
Lógico que isso tem mais a ver com a estrutura dos continentes em questão do que propriamente com qualquer forma de competência organizacional. Afinal, não dá pra comparar uma viagem de Portugal à Áustria a uma viagem entre Uruguai e Venezuela.
E é aí, bem aí, que está o grande porquê da utilização dos dois eventos como forma de comparação entre a distância do futebol dos dois continentes. Não dá para comparar o futebol latino-americano com o futebol europeu. É impossível. Esqueça o ‘Ah, mas na Europa é assim ou assado’. E daí? São coisas completamente diferentes, não tem nem como chegar perto.
E isso se dá menos pela incompetência gerencial do que com a estrutura dos dois mercados. Tudo bem que uma coisa tem a ver com a outra, mas, de qualquer forma, se os organizadores da Eurocopa viessem trabalhar na Copa América, dificilmente ela ficaria mais atraente.
Até porque você não viu nenhuma seleção da Eurocopa jogando com o time reserva, viu?
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