Soluções de um jogo de futebol

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Jogar futebol é bem diferente de jogar xadrez (não desanime pela obviedade!). A dinâmica do jogo de futebol nem de longe faz lembrar a dinâmica de um jogo de xadrez.

Um é jogo de estratégias simultâneas; o outro de seqüenciais. Porém ambos são “jogo”, e por mais que suas lógicas sejam regidas por equações bem distintas ou por variáveis pouco parecidas, o fato de serem jogos confere aos dois, certas peculiaridades inerentes ao jogar.

Sem que precisemos ir a fundo no tema e nem filosofar a respeito, farei hoje uma exposição de uma estratégia aplicada em uma partida de futebol (ocorrida recentemente – e que não vou mencionar qual) em que os “movimentos táticos” empregados pelos treinadores se pareceram com a construção de um xeque-mate de uma partida de xadrez.

Um a zero em favor do time da “casa” (chamemos a equipe da casa de equipe “A”). Dez minutos do 2º tempo. O treinador da equipe visitante (chamemos a equipe visitante de equipe “B”) faz uma substituição: troca um jogador de meio-campo (um volante) por um atacante e adianta um dos seus três zagueiros para o meio; sai do 1-3-5-2 e passa a jogar no 1-4-3-3.

A equipe “B” tinha aparente intenção de com três atacantes, “forçar” a equipe “A” (que estava com três zagueiros – jogava no 1-3-5-2) a recuar mais um jogador (ou de meio-campo ou alas) para manter a “sobra”, garantindo vantagem numérica defensiva.

Quase que imediatamente após a intervenção do treinador da equipe “B”, o da equipe “A” fez uma substituição inusitada (inusitada?): tirou um zagueiro e colocou um atacante; saiu do 1-3-5-2 e foi para um 1-4-3-3.

No tabuleiro (o campo de jogo), o confronto de duas equipes que se enfrentavam no 1-3-5-2 ganhou novos lances (1-4-3-3 vs 1-4-3-3)

Interessante notar que, normalmente (quase receita de bola; quer dizer, de bolo…), uma equipe que está vencendo tende, após uma mudança desse tipo que mencionei (quando o adversário que está perdendo aumenta o número de atacantes em campo), a aumentar suas precauções defensivas, tentando por exemplo, de alguma forma manter a “sobra” defensiva e a vantagem numérica no confronto defesa versus ataque (em resumo, tende a se “fechar”).

Mas num lance típico de xadrez, onde o “ataque é a melhor defesa”, o treinador da equipe “A” percebendo a chance de reverter a situação a seu favor colocou mais um atacante em campo.

Raciocínio simples; com a intervenção do treinador da equipe “B” poderia ocorrer uma das três possibilidades mais comuns à seguir:

1)     A equipe “B”, com a substituição que realizou, tinha intenção de “forçar” o recuo de mais um jogador da equipe “A”, aumentando seu número de jogadores de ataque e diminuindo o número de jogadores de ataque adversários no seu campo de defesa.  Como “A” também aumentou o número de atacantes, se nenhuma das duas equipes cedesse, o jogo ficaria aberto e logo poderiam ocorrer gols de ambos os lados.

2)     A equipe “B”, preventivamente, recuaria um jogador para auxiliar a marcação e manter vantagem numérica na defesa. Esse jogador, fatalmente viria do meio campo ou da lateral (ou dos dois), o que de certa forma exigiria da equipe um tipo de jogo vertical, direto entre defesa e ataque, sem grandes construções ofensivas e sem poder aproveitar as possibilidades que o 1-4-3-3 poderia lhe oferecer.

3)     Mesmo com a substituição e com a intenção bem definida, a equipe “A” poderia ter que ceder a estratégia adversária e acabar ela (a equipe “A”) a ter que recuar mais um jogador e jogar de forma mais direta.

Pois bem. A equipe “A”, com o balanço defensivo bem definido, mesmo com a alteração da plataforma de jogo em pouco tempo fez o segundo gol. Logo em seguida fez o terceiro e o quarto.

Não demorou muito e outra substituição na equipe “B” sacramentava: ela, rendida a estratégia da equipe “A”, voltava ao seu 1-3-5-2 (no final do jogo a equipe “A” também retomara o 1-3-5-2 e fechara o jogo com mais um gol).

A equipe “A” vencera a partida. Goleada. “Especialistas” comentando; elogios ao treinador (outrora o “burro”). Há porém um fato interessante. Logo após (um minuto aproximadamente) a equipe “A” alterar a plataforma para o 1-4-3-3, a equipe “B” tivera uma chance real de empatar o jogo (grande goleiro! – e o que seria do treinador?). Depois, foi quase um jogo de ataque contra defesa; “A” atacando, “B” defendendo.

Talvez se “B” convertesse a chance em gol logo depois da alteração feita pela equipe “A” a história do jogo tivesse sido outra.

Em um jogo de futebol com grandes lances de xadrez, quem cede primeiro pode acabar perdendo a partida (“Futebol de Influência®“).

E aí; vai ced
er?

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

 

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