O jogar fazendo “pressing” e o jogar fazendo “pressão”

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Alguns pesquisadores (que escrevem sobre tática no futebol) habitualmente não diferenciam, na perspectiva da organização defensiva, o “fazer pressão” e o “fazer pressing”. O principal argumento é de que boa parte da literatura sobre o assunto atribui ao pressing e a pressão características similares, os diferenciando apenas através do fato de que um é uma ação coletiva e o outro uma ação individual.

Dessa forma faria mais sentido, subdividir um ou outro, em individual e coletivo (exemplo: pressing coletivo, pressing individual) e não dar nomes distintos.

Há porém de se lembrar que se buscarmos na língua inglesa a palavra pressure (pressão), ela nos remetera a um conceito da Física de uma força que comprime; aperta, opõe. Já pressing, a algo urgente, premente, de necessidade imediata.

Então, numa reflexão não necessariamente muito filosófica, ao olharmos a “pressão” e o “pressing” pelos óculos do futebol, poderíamos propor, supor e considerar que o fazer pressão tem relação com a ação individual e/ou coletiva de oposição ao adversário atacando a bola (“apertando” e “incomodando” o adversário de posse da bola na tentativa de tentar roubá-la).

Sob a mesma perspectiva, fazer pressing, seria então uma ação individual e/ou coletiva (na maior parte das vezes coletiva) que visa diminuir em tempo e espaço a ação adversária, limitando as opções do adversário com bola e induzindo-lhe à pressa, gerando erro ou recuperando diretamente a posse da bola.

Considerar e entender as reais diferenças entre “pressão” e “pressing” não é apenas uma questão de vocabulário (como muitos devem achar!); é principalmente uma questão de modelo de jogo, e portanto da forma de se “treinar-jogar”.

Então, pressão: apertar. Pressing: causar pressa.

Nas boas equipes brasileiras, o mais comum quando ocorre, é o jogar a fazer pressão. Na maioria das equipes (ainda do Brasil), das boas às não tão boas, o mais comum de se ver é a pressão individual. Na Europa, em especial nos países que têm equipes que se destacam no futebol mundial, cada vez mais o que se vê é a utilização e o aperfeiçoamento do pressing.

Se existem as diferenças conceituais, na prática dos treinamentos elas acabam por se amplificar, e aí surgem as dificuldades para se alcançar certas organizações defensivas atribuindo ao jogador (e não ao treino, como deveria ser) a responsabilidade-culpa, pelo fracasso no cumprimento de determinados princípios de jogo.

O errado entendimento conceitual a respeito do pressing por exemplo, pode acabar por gerar sérias diferenças entre o jogar e o como se pretende jogar.

Não é incomum no caso do pressing, em vários níveis de treinamento e formação do jogador de futebol, tratá-lo como pressão. Isso já sabemos. Mas tão comum quanto, é o equívoco de “exercitá-lo”, ou sem considerar a complexidade de sua totalidade, ou considerando seus pedaços como “partes” de um todo e não fractais de uma grande “imagem”.

Para conseguir causar “pressa” quando se marca, é preciso lembrar que isso deve ocorrer sob a perspectiva do tempo e do espaço.

Então os treinamentos para se conseguir um pressing eficaz deveriam contemplar, “fractalmente” (de fractal) atividades que:

a)    por vezes potencializassem a necessidade de recuperar a bola reduzindo o tempo do adversário para estruturar a ação;

b)    que por vezes potencializassem a recuperação da bola reduzindo o espaço (em largura, profundidade, altura e apoio), ou melhor, as opções espaciais do adversário para estruturar a ação;
c)    e que por vezes (volto a salientar, “fractalmente”) potencializassem em mesmo grau de importância e necessidade da recuperação da bola através da redução de tempo e espaço do adversário (causando-lhe “pressa”).
 
Certamente mais comprometedor e grave do que não saber a diferença entre o que é pressão e o que é pressing, é conhecê-la (a diferença), mas não saber na prática, estimular um e/ou outro (pressão e pressing).

Mas essa é uma outra discussão.

Por fim, como diria o pensador Tedtage Noarie, nem tudo que acho que vejo; vejo. Porque nem tudo aquilo que vejo é o que realmente vejo. Então as vezes escolho fechar os olhos; as vezes ser enganado por eles…

Para interagir com o autor: rodrigo@149.28.100.147

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