“Nada funciona direito se não fizermos realmente funcionar “
(Dirt Wolker)
(Dirt Wolker)
Olá amigos. Tivemos na outra semana um acontecimento que pode muitas vezes servir de justificativa para aqueles que são críticos de carteirinha da tecnologia. Mas, tal fato pode nos mostrar, também, mais uma afirmação da importância que devemos dar a atualização do profissional do envolvido com o esporte.
Estamos nos referindo ao episódio da F-1 que aconteceu com Felipe Massa. A equipe Ferrari, sinônimo de prestígio e modernidade, utilizava um aparato eletrônico no lugar do “bom e velho pirulito” (aquela placa que um dos mecânicos segura na frente do carro para indicar o momento de mudar o giro do motor e sair do pit stop). Eis que o responsável pelo “pirulito” e que estava agora no controle do botão para acionar a luz verde errou e deu o sinal antes do tempo.
Ah! Isso é culpa da Tecnologia!!!!!!! Se fosse o “pirulito” ele o abaixaria e logo em seguida o piloto cessaria. Com o sinal luminoso, isso não foi possível.
Com certeza essa foi a opinião predominante para o restante do domingo, somadas ainda a crucificação do mecânico responsável que, com o passar do momento, foi “absolvido” pela cúpula e pelo próprio piloto brasileiro. Sorte que tal mecânico não é técnico nem jogador de futebol no Brasil. Porque senão…
A questão é bem evidente e explícita no caso, o erro humano. A tecnologia vem para otimizar os processos, mas como já comentamos ela é desenvolvida por nós humanos e para nós mesmos.
Falta de preparo? Falta de capacitação? Será? Causa-nos estranheza essas dúvidas em meio a esse ambiente da F-1, tão marcado pelos avanços tecnológicos e pela precisão necessária. Mas o fato é que os erros podem acontecer como já aconteceram com o próprio mecânico quando do uso do “pirulito” com o então piloto Michael Schumacher.
Isso nos remete a uma questão que deve ser bem esclarecida: tecnologia não é sinônimo de perfeição, e sim de otimização, de aperfeiçoamento e melhoria para atingir os objetivos de forma mais eficaz. E como tal, requer uma atualização constante dos envolvidos. Uma atualização que vai desde a ambientação e o desenvolvimento de “intimidade” com os recursos até a transição necessária para a intervenção prática.
Outro fator que é muito comum no esporte é a falta de percepção naquilo que é determinante, ou poderíamos em alguns casos (no futebol temos muitos) dizer que há um receio de reconhecer a contribuição de um elemento tecnológico para seu desempenho.
Num evento da FIA ( Federação Internacional de Automobilismo) foi feita uma pergunta ao piloto italiano Jarno Trulli sobre como a tecnologia melhorava o dia-a-dia dele como piloto de F-1. O piloto numa ilustração perfeita do que dissemos no parágrafo anterior respondeu que como qualquer pessoa utilizava a tecnologia para se divertir, ouvindo ipod, vendo filmes de DVDs, etc.
Oras, num meio imerso profundamente em tecnologia como é a F-1, um piloto que tem incontáveis contribuições dos recursos e aparatos tecnológicos para com o seu desempenho, classifica o uso de um mp3 player como fator importante para ação de pilotar. Não que isso não traga contribuições, sobretudo nas questões de relaxamento e concentração, haja visto que já apareceram alguns críticos tentando classificar o uso do walkman de Michael Phelps na natação em Pequim como doping psicológico, mas isso são outros quinhentos.
A tecnologia não é a salvadora da pátria (bem que o Vasco da Gama gostaria) mas ela é, sobretudo, a capacidade de aplicação e utilização por parte dos profissionais, que devem, cada vez mais, dar abertura a essas possibilidades, sobretudo, capacitando-se e ajudando a desenvolver outras inovações.
Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br