Mito ou verdade. A utilização de scout no futebol (parte II)

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Dando seqüência ao texto mito e verdade sobre scout, agradeço primeiramente aos amigos que enviaram suas opiniões, e compartilho com todos um pouco desse rico debate que estabelecemos.

Lembro que deixamos o desafio baseado nos itens a seguir.

Mito ou verdade: É muito melhor mandar alguém pessoalmente fazer uma análise porque fazer tal avaliação por vídeo, não permite observar algumas características imprescindíveis, que só quem estiver no campo, consegue avaliar.

Mito ou verdade: Os custos para a utilização do scout são muito altos para a realidade brasileira, os clubes não possuem condições de investir.

O colega Pedro Assunção, que vem estudando a fundo a questão do scout, disse em seu comentário que “é necessário que se crie uma equipe de scout, como é na Europa, onde se tem várias pessoas para cuidar das variáveis estatísticas que ocorrem num jogo. uma pessoa só é impossível de se fazer um verdadeiro scout”, ressalta ainda a necessidade de profissionais que estudam scout capacitarem aqueles que serão os grandes beneficiários do seu uso, e considera também que o custo é menor quando se investe no suporte à esses profissionais.

Concordo com Pedro, sobretudo na condição da capacitação, é o que defendemos sobre o nome de atualização tecnológica, no sentido de que é necessário termos pessoas competentes nas interpretações acerca das informações extraídas de um scout, pois, por mais recursos tecnológicos que possamos desenvolver é a capacidade de transacionar entre dado e intervenção que fará a diferença.

O amigo Sinésio Capece… comenta que é: “fundamental enviar um representante para fazer este levantamento in-loco do adversário. Entendo que esta deveria ser uma prática freqüente no futebol, bem como em qualquer esporte. In-loco sim, é importante que seja. Os detalhes são melhor percebidos e o material muito melhor colhido. Não se pode fazer uma analise sanguínea através de um scanner, o indivíduo tem que estar presente em sua coleta e levar a picada da agulha.”. Considera ainda que não é um alto custo e sim um investimento, e entra também na questão de termos parâmetros e diretrizes para nortear tais observações, comentando que o observador “não pode ir (como já vi no próprio futebol profissional da 1ª divisão) com um pedaço de “papel de pão” para fazer umas anotações aleatórias”.

Riquíssimo esse debate com as colaborações de amigos, recebi outros textos que comentam a temática numa ótica bem similar e aproveito aqui para expor as minhas considerações, lembrando que esse debate não se encerra, pelo contrário apenas dá alguns passos rumo a uma compreensão conjunta acerca de suas possibilidades.

A metáfora levantada sobre a análise de sangue é muito boa, mas acredito que na questão da análise do scout podemos acreditar que as distintas ferramentas que já existem por ai, permitem que o profissional não precise espetar a agulha, uma vez que o sangue já pode vir no tubo para ele ser examinado.

Explico melhor:

1. Em termos de custos os dirigentes e comissões técnicas, não partem de um planejamento para avaliar as necessidades, realmente o custo não é alto, mas o que imagino baseia-se nos seguintes questionamentos: para mandar o olheiro para Argentina como no exemplo utilizado por nós no texto anterior, estão os gastos com viagem, alimentação, hospedagem, etc, etc, etc, em contraponto indago se esse custo é maior ou menor do que a utilização de uma tecnologia que permita ao profissional fazer a análise do sangue (do jogo), sem a necessidade dele próprio ir comprar a seringa (ir a Argentina), fazer a coleta e levar para os procedimentos de análise (papel de pão) , fazer a análise e a partir daí intervir (escrever o laudo).

2. Sem dúvida a presença do especialista no local pode passar uma confiança maior em relação às informações e detalhes pertinentes, mas faço minha avaliação com base nas ferramentas que estão no mercado, muito pouco utilizadas e ainda sim sublocadas, não se extraem 10% das possibilidades de informações que existem, ignorando a cientificidade por de trás dessas ferramentas.

Sabemos das capacidades tecnológicas em buscar, armazenar e traçar as informações de forma muito mais rápida que nós seres humanos, lembrando sempre que as máquinas só fazem aquilo que especificamos a elas. O que fundamenta minha visão é: porque não confiar nas informações tecnológicas uma vez que ela apenas vai buscar aquilo que os técnicos e auxiliares podem ter especificados para elas.

Assim os custos estariam centrados na capacidade de extração dos dados, o que acontece também nos “papeis de pão”, mas a questão primordial é o tempo destinado a interpretação dos dados, na situação de deslocamento do olheiro até o local, a análise só poderá ser iniciada de fato com a tabulação das informações, em contrapartida tal tempo poderia ser melhor utilizado e distribuído na interpretação dos dados fornecidos por um scout tecnológico.

Se o profissional puder confiar na capacidade de extração de dados de um scout, na confiabilidade de suas informações, o que vai fazer a diferença é a dedicação e habilidade de interpretação, obtendo  elementos  que talvez pudéssemos até alcançar numa análise manual (sé é que podemos chamar assim), mas que demandaria um tempo, tal tempo este que pode ser vital para a descoberta de algum outro detalhe ou desenvolvimento de estratégias que façam a diferença.

Sabemos que nós temos nosso tempo de encarar um problema/enunciado (dados, informações) e buscar soluções (análise, estratégias, intervenção). Quanto mais rápido compreendermos o enunciado mais tempo teremos para pensar nas soluções.

Essa economia de tempo, reflete diretamente na economia financeira, isso ainda sem compararmos diretamente os custos, ou melhor investimento no scout, seja ele na capacitação do profissional, na formação de uma equipe especializada, ou na integração de recursos a tais profissionais, o que passa por uma questão de importância e prioridade que se dá ao scout no processo chamado futebol.

Bom, a discussão como disse, não se encerra por aqui, com muitos profissionais dedicados a estudar e compreender o scout aplicado no futebol, a ciência agradece.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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