Estado de choque. De novo

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O título não é original, tampouco já se fez presente em outras colunas por aqui. Mas mais uma vez não poderia deixar de ser lembrado depois das cenas assistidas em mais um clássico pelo país.

A pancadaria entre torcedores e policiais no estádio do Pacaembu, após Corinthians 1×0 Santos, é daquelas que dá raiva do ser humano. A que ponto chega a covardia, o abuso de autoridade e a falta de respeito?

Ânimos exaltados após a derrota no clássico, ao que tudo indica os santistas decidiram agredir verbalmente o presidente Marcelo Teixeira, que estava próximo da massa alvinegra. Do staff do dirigente máximo do Santos partiu um copo para cima dos revoltosos, e aí a coisa estourou.

Somando-se à brutalidade e à imbecilidade de ambos, chegaram policiais militares. Daí para o início de uma pancadaria generalizada, em que o que mais se via era a audácia dos torcedores e a covardia dos policiais, foi um piscar de olhos.

Mais uma vez um clássico entre grandes torcidas no país termina em briga. De novo, a confusão não envolve as torcidas dos dois times, mas torcedores de uma das equipes e os policiais militares.

Mas por que será que isso acontece?

Sem dúvida que um dos principais problemas está no tratamento que é dado ao torcedor quando ele vai assistir a um jogo de futebol. O que justifica o comportamento brutal dos policiais que em tese estão lá para dar amparo ao torcedor?

Talvez a melhor explicação esteja no tipo de policial que é responsável pela “segurança” nos estádios de futebol do país. Por definições que não se sabe quando aconteceram, os jogos de futebol contam com a “proteção” do Batalhão de Choque das polícias militares municipais. 

Bom, na essência, o batalhão existe para “agir em ações de Controle de Distúrbios Civis”. Ou seja. O policial destacado para cuidar do torcedor no estádio é aquele que tem, em seu treinamento diário, que estar preparado para as piores situações de descontrole social.

Evidentemente, é esse policial quem não está preparado para tratar o torcedor de futebol como uma pessoa, mas como um desordeiro. E, a partir desse princípio, sempre o que se vê é o torcedor “comum” receber uma série de pancadas em nome da “ordem”.

Na Inglaterra, berço da civilização do torcedor baderneiro, era também o batalhão de choque o responsável, lá no passado, em cuidar da segurança nos estádios de futebol. Até que, no início dos anos 90, os ingleses decidiram dar uma atenção específica ao fã que ia aos estádios. 

E foi assim que se criou uma polícia especial, preparada para lidar com as especificidades do torcedor que frequenta o estádio. Além disso, a polícia inglesa se preparou melhor para evitar que o torcedor já condenado por ter provocado distúrbios em outros jogos tivesse o direito de entrar numa partida de futebol pós-condenação. Com o tempo, o “hooligan” perdeu seu espaço dentro dos estádios britânicos. Não quer dizer que eles não existam mais, porém a sua força de atuação é cada vez menor.

Sem treinamento adequado e fiscalização eficiente, é muito difícil conseguir tirar os estádios de futebol do país do estado de choque permanente em que ele se encontra.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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