Sempre com a bola nos pés

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Assisti neste fim de semana, nos arquivos do ESPN 360, fantástico site dos canais ESPN, a entrevista de Jorge Valdano para o programa “Bola da Vez”.

Valdano não chegou a ser craque, mas teve uma carreira exitosa como jogador da seleção argentina, campeã mundial em 1986 e, principalmente, nas fileiras do Real Madrid.

Tornou-se craque, sim, fora de campo, como treinador do Tenerife, da Espanha, e diretor de futebol o clube merengue, onde permanece à frente do programa de MBA em Gestão Esportiva oferecido em conjunto com Universidade Européia em Madrid e que acaba de chegar ao Brasil, em parceria com a Anhembi-Morumbi de São Paulo.

Na estupenda entrevista, Valdano, um fora-de-série na mediocridade de idéias e posicionamento que ainda impera entre nossos atletas e ex-atletas, relata um episódio ocorrido ao longo da campanha vencedora da seleção argentina em 1986, envolvendo Maradona.

O treinador da equipe, Carlos Bilardo, defendia a tese de que “o jogador sempre deveria estar com a bola nos pés, pois nunca deveria deixar de se aperfeiçoar em seus fundamentos”. 

Não importava onde. Para Maradona, nem como…

Maradona, ao que parece, teria dado ouvidos ao mestre e, desde sempre, conta Valdano, preparava-se arduamente para ser o melhor jogador do mundo.

Eis que Maradona, em tom de brincadeira, resolveu percorrer todo o trajeto de seu quarto ao restaurante do hotel, controlando uma bola nos pés. Passou pelo elevador, corredores, saguão, até chegar aos companheiros no restaurante.

Ao avistar a cena, Bilardo disse a todos, rindo e premiando o pupilo: “Vê, é por isso que ele é o Maradona…”.

É mais do que surrada a noção de que a prática conduz à perfeição. No futebol, diria que tanto dentro quanto fora de campo, nos respectivos exemplos de Maradona e do próprio Real Madrid, esse aforismo é ainda mais visível e acompanhado por todos.

A evolução em ambos os casos jamais se deu ou dará espontaneamente, ao acaso. Isso é fruto de sucessivos esforços visando melhorias contínuas, ora imperceptíveis a olho nu que, somadas, em médio-longo prazo, explicam o porquê do sucesso de uns, dificuldades de outros.

Tome-se o exemplo de um ícone nacional, o São Paulo Futebol Clube. Os menos atentos podem achar que os seis títulos nacionais, três da Libertadores, e três Mundiais, sempre estiveram umbilicalmente ligados à sorte.

Engano. O clube, além de um elenco de jogadores valorizados e de alto nível, possui estádio particular muito bem servido, CT para a equipe profissional e para as categorias de base, o Reffis, além de departamentos de marketing, jurídico, administrativo e técnico extremamente competentes e atuantes, com profissionais de destaque em todas as posições – do cozinheiro ao ponta-esquerda, passando pelo presidente.

No meio disso tudo, o clube investe continuamente nos processos de gestão, que não costumam contar com a sorte para a tomada de decisão sobre o que foi planejado exaustivamente. 

A sorte, o aleatório existem sim. Mas, se pode passar uma vida inteira esperando por ela. Mas ela pode resolver se albergar na competência do vizinho.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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