Caros amigos da Universidade do Futebol,
Mais uma vez nos deparamos com rumores de manipulação de resultados no futebol, com a discussão gerada em torno da classificação do Santos Futebol Clube para as semifinais do campeonato paulista.
Não vamos nesta coluna discutir se houve ou não qualquer ato, consumado ou tentado, visando a alteração da verdade desportiva nas últimas partidas do campeonato paulista de 2009, de modo a promover o Santos à fase de semifinais. Até porque entendo não haver indícios suficientes até o momento para que se levante seriamente a suspeita.
Entretanto, é preciso atentar para a questão da credibilidade do futebol profissional no Brasil. Historicamente, temos visto um processo de “limpeza” da imagem do futebol, que sempre foi associada à má administração, calote fiscal, pouca transparência nas finanças, etc. Aliada a essa imagem, temos hoje uma crise mundial basicamente causada pela perda da credibilidade na economia mundial, fulcrada em atos de ganância e pouca responsabilidade.
Nesse processo de “limpeza”, as atividades preventivas são fundamentais para evitar-se que, não só sejam afastadas atitudes indesejáveis, como também sejam erradicadas suspeitas de irregularidades infundadas.
Em outras palavras, temos que elevar o negócio do futebol a um nível de credibilidade tal, para que qualquer rumor sobre manipulação de jogos seja encarado, de início, como improvável.
No âmbito dessas medidas preventivas, podemos mencionar um maior controle para os padrões irregulares na loteria esportiva, por exemplo, e um maior monitoramento dos diversos agentes envolvidos no esporte, tais como dirigentes, árbitros, jogadores, etc.
Isso somente é possível, evidentemente, através de uma mobilização e cooperação entre organizações desportivas e autoridades públicas (que hoje já existe predominantemente na fase de reação a um ato consumado, mas que pode ainda avançar muito no que diz respeito à prevenção).
Todas essas atividades deveriam ser abertas ao público em geral, dando ao processo um caráter de transparência necessário, e propiciando um grande alcance de repercussão, tanto para a mídia, como para potenciais investidores, apoiadores e patrocinadores.
Só assim conseguiremos efetivamente aumentar o valor do produto futebol, e atrair um maior número de investidores, processo fundamental para garantir uma continuidade da viabilidade econômica dos clubes.
A partir de então, teremos de volta o princípio fundamental do direito aplicado ao futebol, de acordo com o qual todos são inocentes até que se prove o contrário, respeitando-se o princípio do devido processo legal.
Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br