Casa cheia – parte 2

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Dando seguimento à última coluna, ousaremos encaminhar a discussão para um conjunto de argumentos que permitam ao leitor vislumbrar possibilidades de construir as respostas mais apropriadas à realidade de seu clube, e reproduzimos as perguntas de então por dever de cortesia e praticidade.

“Em outras palavras: o que acontece quando se aumenta o preço de um produto esportivo? Como isso afeta margem de lucro, receitas e vendas? E se os preços forem reduzidos? Mais ou menos consumidores comprarão os produtos? Mudar o preço garante mudança no padrão de consumo? O desempenho do clube em campo é termômetro absoluto da associação de torcedores, ou é o preço o fator essencial nessa realidade? E a inadimplência dos associados, ocorrerá por critérios meramente econômicos ou se sujeita ao sabor de vitórias e derrotas?”

Tais respostas podem ser obtidas pelo marketing dos clubes por estimativas racionalizadas ou pela experimentação da estratégia comercial implantada, com base na tentativa e erro.

Falando apenas da componente financeira, se a procura dos torcedores pela vinculação aos planos de sócios dos clubes continuar alta, mesmo após sucessivos aumentos anuais de preços, a demanda é considerada relativamente inelástica – em outras palavras, a mudança no impulso de consumo dor torcedores é pouco sensível à mudanças nos preços e a receita global percebida pelo clube será mantida.

Resta saber qual é a variação de preços praticados que será suportada pelos torcedores sem que isso se traduza em queda de interessados em se associar aos clubes. Se isso ocorrer, tem-se a demanda relativamente elástica – mudar o preço acarreta mudança oposta na receita obtida pelo clube.  

Abordada a principal vertente conceitual de elasticidade da demanda, devem-se apontar quais os fatores de influência sobre esta variação provocada no resultado entre preços x demanda por planos de associação.

 

1. produto de necessidade ou de luxo: associar-se ao seu clube de futebol e pagar uma mensalidade para assistir aos jogos é obrigatório ou opcional? Se for obrigatório, mudar os preços pode causar mudança na demanda. Se for tido como opcional, não será muito sensível.

2. substitutabilidade do produto: os torcedores consideram como experiência equivalente participar de um campeonato de futebol amador, muito bem organizado, e pago, como algo que pode substituir a experiência de acompanhar seu clube no estádio?

3. freqüência de compra: este aspecto é diretamente proporcional à necessidade. Quanto mais o torcedor entende como necessária a associação, mais sensível à mudança de preços.

4. renda: quanto mais dinheiro o torcedor economicamente ativo recebe, mais dinheiro, em tese, sobrará para gastos supérfluos como lazer e recreação (futebol). No Brasil, pesquisas do IBGE apontam uma margem muito pequena dos orçamentos familiares disponíveis e dirigidos a esta rubrica.

5. economia: a conjuntura econômica, seja ela nacional ou internacional afeta em muito a realidade e a percepção do consumidor. Quem tem emprego e dinheiro, economiza em tempos difíceis. Quem não tem, não pode gastar.

6. fidelidade à marca: ponto pacífico em favor dos clubes. Resta empreender esforços para ampliar e, depois, manter a base de consumidores fidelizados.

7. concorrência: planos de sócios que dão direito a acompanhar os jogos no próprio estádio sofrem com muita concorrência. Ir ao cinema (no shopping); assistir pela TV ao futebol; campeonatos internacionais das principais ligas; shows musicais; peças de teatro; ficar em casa por razões de (in) segurança.

8. qualidade do produto: aqui, futebol e marketing se encontram. A equipe montada pelo meu clube para a temporada desse ano é competitiva? Tem estrelas no elenco? Vale a associação para a temporada toda ou seria melhor escolher os melhores jogos? Ainda, vale pagar mais nesse ano para o mesmo time sofrível da temporada anterior?

9. variação da demanda com o tempo: é necessário apressar-se para se tornar associado do clube, sob pena de ficar de fora do contingente de pessoas com direito a ir aos jogos? O universo de interessados é maior que a oferta de cadeiras?

 

Devemos tomar cuidado com o conteúdo acima. Ele pode ser explosivo e libertário, caso os torcedores tenham acesso a ele por meios panfletários e se reconheçam nos questionamentos sobre se vale a pena gastar seu suado dinheiro e se associar aos seus clubes do coração.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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