Empresa-clube

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Um dos principais projetos do Corinthians para 2009-2010, de acordo com o vice-presidente de marketing do clube, é a formatação de um grupo de investimentos, composto por 50 corintianos, voltado ao financiamento das operações do seu departamento de futebol.

Em outras palavras, o clube reconheceu sua incapacidade de financiar diretamente suas atividades envolvendo compra e manutenção de bons atletas e irá recorrer ao mercado para, em troca deste aporte financeiro, realizar lucros aos investidores.

O núcleo central da idéia não é inédito. Dentre outras iniciativas, as mais conhecidas e que exaltam os grandes players do mercado incluem a “cesta de atletas” e o acordo com a Traffic Marketing Esportivo, no Palmeiras; o Grupo DIS Sonda, cujos acordos principais têm como parceiros Santos e Internacional. O Botafogo também dispõe de um acordo com uma empresa investidora em seu futebol.

Além da já batida evidência da falta de fôlego financeiro dos clubes como causa deste fenômeno, pode-se abordar algumas conseqüências.  

Costuma-se afirmar que a realidade sempre chega antes do Direito. Nesse caso, na prática, a discussão oriunda da Lei 9615/98 (Lei Pelé) sobre a obrigatoriedade jurídica dos clubes de futebol de se transformarem em empresa resta sobrepujada nos seus antigos argumentos. 

Muitos desses relacionamentos são exemplos de empresa-clube, onde o principal objetivo é revelar jovens jogadores para gerar e distribuir lucros – em especial, para as empresas.

Muito embora os clubes, pela sua natureza jurídica, não possam perseguir o lucro em suas operações, parte dele – em geral, minoritária – voltará aos seus cofres, após vultosas transferências de jogadores. 

Por outro lado, aspectos positivos emergem desta realidade, que pode ser transitória para os clubes rumo a um patamar mais estruturado e planejado em termos de gestão e suposta auto-suficiência de recursos.

O relacionamento com a iniciativa privada cobra, ainda que colateralmente, a adoção de melhores práticas de gestão e respeito aos contratos.

Esses acordos podem servir de aprendizado para os clubes no relacionamento comercial, privado, de um mercado que não tolera rompimentos injustificados e repentinos.

Bem ao contrário do histórico de calotes, viradas de mesa em campeonatos, perdões de dívidas e complacência do poder público com os clubes, os “mercados” do futebol também não costumam perdoar desatinos administrativos.

Se o ambiente de negócios num clube não é favorável, profissional e transparente, o investimento migrará para outro.

Nesses casos, investidores privados mexendo no bolso dos clubes podem impulsionar sua profissionalização.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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