Crise de identidade

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Obina não tem nem duas semanas e já virou ídolo no Palmeiras. Antes mesmo de entrar em campo, a expectativa da torcida era gigantesca. Bastou jogar a primeira partida e o apoio foi irrestrito, fazendo do jogador um dos casos mais bizarros dos últimos tempos.

Mas o que Obina pode ter que os outros não tem?

O carisma, sem dúvida, é um dos primeiros fatores. O atacante parece enfeitiçar o torcedor, enchê-lo de esperança de que dias melhores virão com a sua grandiosa presença na área rival.

Só que parece haver algo maior, uma característica que está presente em Obina e não tanto em diversos outros jogadores que atualmente desfilam pelos gramados brasileiros.

Sim, é isso mesmo. Desfilam. Porque se comportam como se estivessem apenas de passagem pelo país. Numa espécie de desfile para o comprador internacional. Tal qual a modelo que se exibe na passarela em busca de um contrato com uma grande agência, ou com uma grande marca, muitos jogadores que atuam hoje no Brasil se comportam dessa forma.

Especialmente nos times “de aluguel”, com atletas contratados por grupos de investimento. É o caso do Palmeiras, que tem hoje três jogadores que se identificam especialmente com a torcida. Marcos, cria da casa e há 17 anos no clube; Pierre, contratado na era pré-Traffic; e Obina, recém-chegado ao clube e que não teve a contratação avalizada pela “parceira”.

Esses três jogadores parecem ter criado uma clara relação com o torcedor. São aqueles que os representam dentro de campo, que quando vão jogar não estão preocupados com o desfile, mas sim com aquilo que é o bem mais precioso: a vitória.

A crise de identidade acomete atualmente a maior parte dos clubes. Com a transformação do futebol brasileiro numa grande vitrine para a Europa, o jogador muitas vezes vai a campo com a certeza de que está ali apenas de passagem. Que não é importante jogar bem, se dedicar, alcançar a vitória. Que o fundamental é preservar as canelas para que seu empresário o coloque, na próxima temporada, para atuar no Barcelona, no Real Madrid, no Manchester…

Os craques de bola, assim, deixam de ser ídolos. E o Brasil se acostuma a ver, no jogador dedicado, o potencial de identificação com a sua torcida. Para quem precisa do ídolo para gerar mais receitas e manter times vencedores, essa é a pior coisa que poderia acontecer…

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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