Porcos-espinho, tecnologia, Muricy e São Paulo

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Olá amigos.

Gosto muito de alguns textos, fábulas e parábolas que, de maneira curta e sutil, nos trazem muitas lições. Em especial esta que apresento a vocês, me fez refletir sobre dois pontos, um que nos acostumamos a abordar nessa coluna e outro que foi repercutido nesta semana.

A difícil convergência entre alguns setores profissionais do futebol com os recursos tecnológicos e a saída de Muricy Ramalho do comando do São Paulo.

Eis o texto:

Durante uma era glacial, muito remota, quando parte do globo terrestre esteve coberto por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso. Indefesos, morreram por não se adaptarem às condições do clima hostil.  Foi então que uma grande manada de porcos-espinho, numa tentativa de se proteger e sobreviver, começou a se unir, e juntar-se mais e mais. Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro. E todos juntos, bem unidos, agasalhavam-se mutuamente, aqueciam-se enfrentando por mais tempo aquele inverno tenebroso. Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital, questão de vida ou morte e afastaram-se feridos, magoados, hostilizados, por não suportarem mais tempo os espinhos dos seus companheiros.

Aqueles espinhos que aqueciam também feriam e doíam muito. Mais tarde, descobriram que essa não era a melhor solução: afastados e separados, logo começaram a morrer congelados, os que não morreram voltaram a se aproximar, pouco a pouco, com jeito, com precauções, compreensão, de tal forma que, unidos, cada qual conservava uma certa distância do outro, mínima, mas o suficiente para conviver, resistindo à longa era glacial.

Um texto curto e simples, mas que, conforme afirmado anteriormente, se identifica muito com os casos citados.

Por mais que o espinho chamado tecnologia possa incomodar alguns profissionais, a convivência entre ambos é por demais necessária para que a tecnologia não morra, como também para evitar que o profissional se iluda com a falsa consciência de que não precisa de ninguém e de nada, pois já é auto-suficiente (diz que sempre ganhou tudo sem precisar de nada, ainda que nunca tenha ganho nada). 

Em outro fato, temos a saída do tricampeão brasileiro Muricy Ramalho. Muitos espinhos sobram para todos os lados nesse fato. Seja na relação Muricy x imprensa, ou Muricy x diretoria, ou ainda diretoria x Copa do Mundo. Enfim, muitos caminhos.

Confesso que não sou um fã incondicional do Muricy Ramalho. O que para alguns pode ser uma tremenda heresia e um desconhecimento de futebol, por não considerar o que todos observam que ele é o técnico eleito melhor do Brasil por quatro anos consecutivos, tendo conquistado três títulos. Mesmo porque, penso existir diferentes formas de se desenvolver um trabalho sem que uma exclua a outra (sem que os espinhos sejam nocivos). Mas deixemos essa discussão para outra oportunidade. 

Nesse momento, deve-se atentar que o São Paulo, reconhecidamente um clube estruturado e mestre em planejamento, deve ter motivos sólidos para suas ações. Apenas para reflexão, basta pesquisarmos a quanto tempo Arsène Wenger é técnico do Arsenal e pensar como seria se a cada eliminação do torneio intercontinental, ou ainda, no período de construção do estádio, ou nas reformulações do elenco, sua cabeça fosse colocada a prêmio. 

O fato é que na era glacial que o São Paulo está passando, os muitos porcos-espinho se aproximaram demais uns dos outros e sabemos como é que é, a corda sempre estoura no “espinho mais fraco”.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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