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Muitas das coisas que fazemos ou deixamos de fazer no dia a dia são norteadas por parâmetros criados ao longo de séculos pelos homens e suas sociedades.

Não importa o lugar, idade ou condição, sempre existirão parâmetros que norteiam nossa conduta.

Em ambientes específicos, a existência de certos parâmetros é comumente confundida com estímulo a dependência, destruição do pensamento, robotização do ser humano. Essa confusão, que faz nascer um ambiente contrário à autonomia, acaba muitas vezes por servir de argumento para que se defenda a abolição de parâmetros em outros ambientes.

No futebol, vivemos a todo o tempo e em varias dimensões esse problema. Aterei-me a um deles.

Na história desse nosso apaixonante esporte, o desconhecimento e a fragmentação cartesiana fizeram com que em momentos distintos surgissem discussões que opuseram por vezes “futebol força” e “futebol arte”, por vezes “preparação” e “talento”, por vezes “regras a serem seguidas” e “perda de autonomia”.

É fato longitudinal no futebol que a visão que impera (e por vezes sai à tona) é aquela na qual ou se privilegia a criatividade, a beleza e o brilhantismo, ou se privilegia o cumprimento das “ordens” do treinador, o resultado e o pragmatismo.

O ser humano não se separa em corpo físico, alma e mente. O ser humano é corpo, é alma e é mente ao mesmo tempo, o tempo todo, sempre. Portanto quando se movimenta, carrega consigo uma série de significados que dão sentido à sua ação (e À sua existência).

Isso quer, dizer em outras palavras, que se a ação tem porquês que a simbolizam, não importa qual seja ela, esses símbolos vão sempre existir. Sendo assim, como é possível que ela (a ação) seja ordenada em um esporte como o futebol, onde 11 jogadores com objetivos comuns (e particularidades distintas) enfrentam outros 11 jogadores?

A resposta é inevitável: criando referências (parâmetros) para o jogo, de maneira que os jogadores possam coletivamente agir a partir de um entendimento comum.

Em outras palavras, da mesma maneira que a ação individual faz sentido para o próprio indivíduo, a ação coletiva também precisa fazer sentido à totalidade dos jogadores e a cada um deles ao mesmo tempo. E ao contrário do que se pensa comumente, isso não precisa significar, inibir o ser criativo ou transformar homens em máquinas; pelo contrário.

Criar referências que deem significado para a ação dos jogadores, não só pode qualificar a ação coletiva a partir de um melhor entendimento do jogo, como também pode cada vez mais propiciar decisões acertadas e criativas por parte de quem joga (e ainda ao mesmo tempo, mais inusitadas para os adversários).

A beleza do jogo está na ação do indivíduo; mas ele não joga sozinho. Os parâmetros para o jogo coletivo em equipe são as referências que norteiam suas ações. Não as referências que o condicionam a burras ações robotizadas pelo controle remoto do treinador – essas só reforçam a correta ideia de que os “parâmetros” inibem o jogador -, mas as referências que possibilitam melhor compreensão individual e coletiva do jogo, para que os jogadores, lendo o mesmo jogo, possam tomar decisões convergentes, de maneira criativa e autônoma.

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br  

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