Eu gosto do Kaká. Acho um ótimo jogador e com excelente personalidade dentro de campo. Lembro que, em um dos seus primeiros jogos com a camisa do Milan, ele deu uma peitada no Killy González. Eu, que nunca gostei do Killy González, passei a respeitar o Kaká.
Bem verdade que ele não tem nada a ver com isso, tampouco, eu tenho a ver com qualquer coisa da vida dele. Tanto faz pro Kaká eu falar qualquer coisa sobre ele, assim como tanto faz pra mim o Kaká fazer qualquer coisa da vida dele. É por isso que eu não implico com a sua devoção a sua religião. Muita gente implica. Mas, bem verdade, ninguém tem nada com isso.
Assim como eu também não tenho nada a ver com a devoção da mulher dele, que foi bastante reproduzida por websites afora, por conta de uma pregação feita nos Estados Unidos, acho. Não me pareceu que houvesse qualquer intenção dela em disseminar a sua palavra pelo mundo. Tampouco acho que ela prega por dinheiro. Tem gente que, obviamente, faz isso. Mas, se tem alguma coisa que o Kaká e sua família certamente não precisam é de dinheiro. Respeite-se, portanto.
De qualquer maneira, é importante corrigir um equívoco cometido. A mulher do Kaká disse que foi Deus quem colocou dinheiro no Real Madrid para eles comprarem o Kaká. Porém, acredite, isso não é verdade.
Quem colocou dinheiro, indiretamente, foi o presidente do clube, Florentino Pérez, um dos caras mais ricos da Espanha. Os bancos emprestaram a grana, e, naturalmente -como em qualquer outra associação esportiva, o presidente do clube tem que dar lá suas garantias de pagamento. Tem tudo explicadinho em uma matéria da revista Trivela desse mês. Nesse caso, pode-se endeusar, portanto, Pérez e os bancos. Mas não a Trivela.
Ou então, pode-se endeusar o Di Stéfano, que foi possivelmente o grande responsável por fazer do Real Madrid aquilo que ele é hoje. Dizem que ele jogou mais que o Pelé, que não é deus, mas é rei. Dizem também que se não fosse pelo Di Stéfano, o Real Madrid não teria ganhado tudo o que ganhou, não teria conseguido atrair tantos torcedores, tampouco teria sido escolhido o time do século XX pela Fifa. Ou então, pode endeusar o Santiago Bernabéu, não o estádio, que foi o presidente que conseguiu tirar o Di Stéfano do Barcelona e levar para o Real, por meio de um monte de supostas maracutaias. Ou, ainda, dá pra endeusar o Kubala, atacante e principal estrela do Barcelona na época que o Di Stéfano foi para lá, apontado por muitos como uma das razões pela qual o jogador resolveu trocar de clube, uma vez que não queria dividir atenções com ninguém.
Enfim. Se a lógica que quem deu dinheiro para o Real Madrid foi Deus prevalecer, dá pra dizer que todos esses aí podem ser deuses. Só não diga que o Cristiano Ronaldo é deus, porque ele mesmo provavelmente já acredita que é.
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