Jogar bem, e perder o jogo é possível?

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Recebo muitos e-mails comentando as colunas que escrevo. Muitos mesmo! Não consigo responder a todos. Ainda não encontrei a melhor logística para conseguir dar conta de todas as mensagens que recebo.

Em um dia desses, recebi uma bastante interessante. Ela tratava de aspectos observados em um determinado jogo de futebol.

Nesse jogo, uma das equipes, líder da competição, foi jogar no estádio do adversário, que naquele momento encontrava-se em terceiro lugar na classificação do campeonato.

Segundo o e-mail que recebi, a equipe “líder”, começou “atropelando” seu adversário, conseguindo rapidamente fazer um gol. A frente no placar, continuou “jogando bem”, mas agora, em vez de ser objetiva e procurar o gol, passou a tocar mais a bola, fazendo-a circular, “fácil e bonito”.

O jogo permaneceu 1 x 0, a favor da equipe “líder” até o final do segundo tempo quando, em dois lances de “bola parada”, sua adversária conseguiu empatar e virar o placar do jogo. Resultado final 2 x 1 a favor da equipe da casa (a terceira colocada).

Vem daí a indagação, mais ou menos assim, que recebi em minha caixa postal: “Quem assistiu o jogo observou a superioridade da equipe “líder”, mas quem ganhou foi a outra. O que vale mais, jogar bem, com toda equipe bem compacta e bem treinada e sair derrotado, ou, sem apresentar aparentemente jogo elaborado, vencer?”.

Sem ter visto o jogo, gostaria de destacar algo importante na descrição que li sobre partida (no e-mail).

A equipe líder, se é líder, deve realmente ter um bom jogo. A outra, está em terceiro lugar, o que também não parece ser nada mau.

O fato é que jogar bem não significa necessariamente jogar bonito, fácil, etc. Jogar bem significa cumprir bem a lógica do jogo, alcançando o objetivo máximo inerente a ele: o gol.

É possível, e provável, que a equipe líder, na maior parte de suas partidas, consiga realmente jogar bem (ou seja, cumprir a lógica do jogo) – por isso deve vencer mais e estar em primeiro lugar na competição. Mas, pela descrição do jogo mencionado acima, sinto que, quando ela optou por não ser objetiva, perdeu exatamente aquilo que é a essência do jogo – cumprir a sua lógica.

Muitas vezes, observando partidas de futebol e conversando com “especialistas”, percebo que se faz uma correlação falsa entre a realidade dos fatos, e aquilo que se diz sobre eles.

É inegável que se uma equipe vence um jogo, foi melhor do que sua adversária em cumprir a lógica do jogo. Isso é fato.

O problema é que muitas vezes qualificamos o desempenho desta ou daquela equipe, observando “princípios” ou “sub-princípios” do jogo, de maneira que aquela que os cumpri melhor, aparentemente joga melhor.

Isso é um erro grave, porque qualquer “princípio” ou “sub-princípio”, referências ou estruturas de jogo, devem servir, única e exclusivamente, para cumprir a lógica do jogo.

Em outras palavras, isso quer dizer que, no jogo, diversos são os problemas técnico-tático-físico-psicológicos que precisam ser resolvidos de maneira aleatória, imprevisível e emergencial, de forma integrada; e resolvê-los não significa cumprir bem qualquer princípio que seja, mas sim, utilizar a ferramenta necessária a cada circunstância para gerar soluções.

O imprevisível estará sempre presente, faz parte do jogo, e ele sim precisa ser “treinado”. No final das contas, o que garante vitórias, é jogar bem (cumprir a lógica!), e não bonito – ainda que quando se joga bem, o jogo tende a ficar belo!

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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