A lógica do jogo e o desejo dos treinadores: 25 passes, 55 segundos e gol da Argentina

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Não gosto de entrar em polêmicas. Não gosto tão pouco de ficar “em cima do muro”, prefiro me posicionar. O problema, é que quando “tomamos uma posição”, ela, muitas vezes, acaba gerando polêmicas, que são proporcionais a sua repercussão.

Quero que fique claro, não tenho intenção de “polemizar”, mas estou certo que o que se segue pode despertar muitas controvérsias.

Na Copa do Mundo de 2006, um dos gols da seleção da Argentina, em um jogo da fase de grupos contra a Sérvia e Montenegro, foi, e ainda tem sido amplamente utilizado para exemplificar um tipo de futebol tido como belo, ideal, que encanta e resolve.

Trata-se de uma jogada em que a equipe argentina recuperou a posse de bola em seu campo de defesa, trocou 25 passes em 55 segundos (ou seja, um número de passes considerável) e conseguiu fazer um gol.

Este é o vídeo com a jogada em questão:


São inúmeros os comentários, que tratam toda a sequência de lances desse gol, como um exemplo a ser seguido. Tenho inclusive encontrado opiniões em diversos e recentes fóruns de discussão, que enaltecem o jogo de posse de bola (comentando esse gol), tratando-o (o jogo de posse de bola) como sinônimo de “jogo de controle”.

Não tenho nada contra o jogo de posse de bola, especialmente se a preocupação de uma equipe ou treinador não for a de cumprir a lógica do jogo e vencê-lo. Posso até, tomar partido a seu favor, ao tratá-lo como opção defensiva – “defender com bola”.

Mas se entendermos que, no jogo de futebol, o comportamento de jogadores e de equipes deve ser regido pela busca ao gol, de maneira que ela (a equipe) consiga fazê-los em maior número que o adversário – e não pelo “anti-lógico”, “fazer gols e não sofrê-los” – perceberemos algo que é óbvio, e que por ser óbvio, parece não ser enxergado: “só se arrisca a fazer gols quem se livra da bola – finalizar ao alvo é perder a posse dela”.

É possível e provável, que em média quanto mais chances de gol e finalização uma equipe tiver em um jogo, mais chances terá também de fazer mais gols e de vencer a partida. Alguns dirão, “é, mas em alguns jogos, algumas equipes se cansam de tanto arrematar a gol, e aí, o adversário em um contra-ataque, em uma única chance acerta o alvo e vence a partida”. É claro, esses são os desvios que extrapolam as curvas de normalidade; não podemos nos esquecer, o futebol é complexo!

Então, se criar mais chances de finalização, pode ser um bom caminho para se conseguir mais gols, mais vezes uma equipe deverá “se livrar da bola” no jogo (no bom sentido, claro!). E quanto mais vezes, quiser fazer (fazer o gol, finalizar, se livrar da bola!), mais rapidamente terá que conseguir fazer.
Refletindo, então, sobre a lógica do jogo, uma equipe deve “se livrar” da bola (no bom sentido!) o mais rápido possível, e alcançando ou não seu objetivo (fazer o gol), deve tentar recuperá-la de maneira, também mais rápida possível – sem deixar, claro, que a equipe adversária se “livre da bola” (no bom sentido!).

Também achei toda a jogada da seleção da Argentina muito bonita, e mais ainda, eficaz; afinal ela conseguiu fazer o gol. Mas há uma diferença muito grande entre tê-la (a jogada) como modelo a ser seguido (como fim), e compreender que até mesmo em uma sequência ofensiva com 25 passes, em 55 segundos, o problema circunstancial daquele momento do jogo foi resolvido “o mais rápido possível”.

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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