2010 será um ano de eleições majoritárias no Brasil. Elegeremos presidente, governadores e senadores.
São as pessoas que serão escolhidas, democraticamente, por todos nós, para comandar nossa vida, em boa parte naquilo em que ela depende da organização e aplicação dos recursos públicos.
Cabe a nós, eleitores, interromper um ciclo administrativo com o qual não concordamos ou renovar a confiança sobre o que entendemos como favorável aos nossos interesses.
Interesses individuais, de um determinado grupo socioeconômico, ou que visam o bem-estar coletivo (esse último interesse, altruísta, é o mais raro de se transformar em voto, dada a natureza humana…)
Já em 2009, houve eleições em alguns clubes de futebol do país. Desde o Coritiba, fragilizado pelo episódio de violência ocorrido no fim do ano em seu estádio, cuja mudança dos membros da Diretoria apenas preservou o Presidente, passando pelo Santos e por Flamengo, nos quais houve significativa ruptura com o quadro político anterior.
Especialmente no Flamengo, pois se tratou da vitória de Patrícia Amorim, a primeira mulher a comandar o clube de maior torcida no Brasil.E olha que ela não é oriunda das alas do clube vinculadas ao futebol. Era nadadora profissional.
Este fato político, de suposta e esperada renovação, enseja um grau de responsabilidade ao longo da gestão, não só dos mandatários, mas também dos mandantes.
Fomos acostumados a transferir responsabilidade política ao Estado e aos que desempenham funções públicas, bem como às instituições privadas que representam nossos interesses profissionais ou de classe. Um exercício perigoso que faz acumular erros que, cedo ou tarde, vêm à tona com força.
O direito de votar necessita ser acompanhado do dever de fiscalizar. Os eleitores destes clubes também serão responsáveis pelo estado de coisas durante e após as gestões que ajudaram a chegar ao poder.
Deve-se ter em mente, principalmente naqueles clubes em que verdadeiras dinastias são perpetuadas, por meio de sucessivas reeleições, que o provérbio árabe se encaixa direitinho: Se me engana uma vez, a culpa é sua. Se me engana outra vez, a culpa é minha.
Lembre disso, sempre, na hora de votar. Na eleição do clube ou nas eleições públicas Brasil afora. Isso também serve para as eleições de síndico do seu prédio.
Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br