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Não, você não leu errado. Nem eu joguei fora a gramática. Mas é essa a sensação que temos quando se depara com a notícia de que Ricardo Gomes teve uma espécie de AVC (Acidente Vascular Cerebral, o popular “derrame”).

Ontem, na entrevista coletiva após o jogo entre Palmeiras e São Paulo, senti uma certa irritação em Gomes na resposta às perguntas dos jornalistas. Não é do feitio dele. Ou costumava não ser.

Pelo visto, nem mesmo o polido Ricardo Gomes conseguiu resistir à pressão de dirigir uma equipe de primeira grandeza do futebol. Pressão da torcida, dos atletas, da diretoria, dos jornalistas, dos familiares… Haja estômago para conseguir resistir. Ou, no mínimo, haja equilíbrio mental para isso.

Gomes sofreu com a tensão que cerca o ambiente do futebol nos dias de hoje. Um estado de tensão constante, praticamente bélico, que coloca de um lado jornalistas e do outro técnicos.

Tudo, hoje, cai nas costas do treinador. Mais do que antes. É o treinador quem, obrigatoriamente, tem de falar ao final do jogo. É ele quem responde sobre o lance polêmico envolvendo o árbitro. É ele que tem de confirmar o time titular. É ele quem tem de assumir o erro de uma escalação errada, de um resultado ruim. É ele, é ele, é ele…

Sim, o cara é bem pago para isso. Mas é claro, ao mesmo tempo, que essa relação precisa mudar. Ou, pelo menos, ficar menos beligerante. É algo que não tem sentido de ser. A cobrança por resultados, que leva do céu ao inferno um treinador, agora já mostra que pode causar muito mais estrago do que isso.

É como a questão dos confrontos entre torcedores “organizados”. Que se empolgam ao agir em bandos, acreditando que nada poderá lhes fazer mal. O comportamento irracional do ser humano quando age em grupo é algo que se estuda há vários anos. E que, a cada clássico no futebol brasileiro, fica mais claro de como é um fenômeno incontrolável.

O estado de tensão é, mais do que nunca, um estado de atenção que cerca o universo do futebol. Se não pararmos para pensar qual o propósito da coisa, continuaremos a ter “acidentes” de percurso muito, mas muito preocupantes.

Para interagir com o autor: erich@149.28.100.147

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