Em 1987, os clubes de maior torcida do país se uniram para criar uma liga nacional de futebol. Meio que nos moldes do que é o modelo americano de gestão de competições esportivas, a ideia era de que os clubes assumissem as rédeas para controlar o principal torneio do país, o Campeonato Brasileiro.
Pouco mais de 20 anos depois, e o que era para ser a liga brasileira de futebol vai virar pó. Na tarde desta segunda-feira, não importa quem vença as eleições para a presidência do Clube dos 13, o futebol brasileiro estará mergulhado num racha que pouco vai beneficiar o futuro do que deveria ser a gestão do principal produto do esporte no país: o Campeonato Brasileiro de Futebol.
Fábio Koff gaba-se de valorizar os contratos de TV nos últimos anos, gerando uma considerável fonte de receita para os clubes. Deveria agradecer, lá no final dos anos 90, ao SBT e ao estouro do mercado mundial de compra de direitos de transmissão, que levaram o preço do Brasileirão ao seu primeiro salto. Depois, tem de agradecer à conjunção de dois fatores. O primeiro, à adoção dos pontos corridos, que fez o torneio ter mais datas. Depois, à disputa Globo x Record, nos últimos anos, que fez o preço dobrar.
Foi assim que os contratos de TV se valorizaram tanto sob “sua gestão”. E é esse o maior motivo de orgulho da atual gestão do Clube dos 13 em quase 15 anos à frente da entidade. Porque, com o passar dos anos, quase nada de novo foi feito.
A gênese do C13, lá em 1987, era com o intuito de criar um órgão que representasse os clubes e organizasse as principais competições entre eles. Ao longo do tempo, isso se perdeu, especialmente em 2001, quando a ideia de uma Liga Nacional estava montada, mas a força da CBF fez com que Fábio Koff se contentasse em apenas negociar contratos com a TV.
Agora, surge com força o nome de Kléber Leite para “renovar” o C13. Renovar entre aspas, porque Kléber não é alguém preocupado em dar força aos clubes, em criar um modelo mais independente de entidade representativa dos times de futebol (seja ela na negociação do contrato de TV ou de patrocínios para os campeonatos do país).
Leite se calca em dois apoios de peso. CBF e Corinthians.
Impossível uma entidade que quer representar, nem que seja comercialmente, os clubes, estar vinculada tão diretamente com a CBF.
Não vai dar liga. Ou, se der, será uma liga capenga, formada com base em acordos políticos, e não em interesses comuns (organizarem o campeonato mais equilibrado possível para gerar a maior receita possível aos clubes).
Sem um executivo independente, vindo do mercado, preocupado em ser, de fato, um diretor cujo objetivo é trabalhar para a geração de receita dos clubes, não há consenso.
A União dos Clubes do Brasil já se foi. Pela política. E a eleição desta segunda-feira é a prova de que não irá para a frente qualquer projeto de liga independente no país. O futebol no Brasil continua a ter um dono. Cada vez mais poderoso. Pelo menos até 2014…
Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br
*Atualizada às 14h59
O atual presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, se manteve no cargo após a eleição. Na sede da entidade em São Paulo, os 20 principais clubes do país deram seu voto aberto. Koff derrotou Kléber Leite, candidato da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), por 12 votos a 8, e alcançou o seu sexto mandato. Ele já está há 14 anos no cargo.
Em um pleito disputadíssimo, obteve 12 votos no total. Flamengo, São Paulo, Palmeiras, Fluminense, Atlético-MG, Atlético-PR, Sport, Grêmio, Internacional, Guarani, Bahia e Portuguesa apoiaram Koff.
Já Kléber Leite contou com os oito votos restantes de: Corinthians, Santos, Cruzeiro, Botafogo, Goiás, Vitória, Vasco e Coritiba. O ex-comandante flamenguista precisava do apoio de 11 clubes, no mínimo, para vencer. Se houvesse empate, o presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, teria o voto de minerva por ser o representante mais velho.