Previsões para a Copa

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Se fosse para eu fazer uma previsão, eu diria que você fez uma previsão sobre quem vai ganhar a Copa. E se não fez por conta própria, a fez por que alguém pergunto pra você quem você acha que vai ganhar a Copa.

Todo mundo tem uma previsão sobre quem vai ganhar a Copa, porque quem está interessado nela tem opinião sobre quem é mais forte e quem é mais fraco. Ao não ter uma opinião pessoal sobre quem vai ganhar a Copa, ou você não está nem aí pra ela ou você não confia na sua capacidade intuitiva, que é o caso deste que lhe escreve.

A sua opinião sobre quem pode ou não ganhar a Copa se baseia em concepções em geral individuais influenciadas pelo sentimento coletivo. Afinal, se todo mundo tá dizendo que a Espanha é favorita, ela deve ser favorita mesmo. Ao mesmo tempo, tudo depende daquilo que você acha que influencia na qualidade de um time. Se você gosta de times que jogam pra frente, você vai achar que a Argentina é favorita porque o ataque tem um monte de atacantes famosos. Se você acha que ataque é bom mas o que manda é a defesa, você pode acreditar que o Brasil tem chances, uma vez que todo mundo diz que o Brasil tem a melhor zaga de todas.

No fundo, é tudo uma questão de metodologia. Justo aquela aula que você matava na faculdade porque, assim como OSPB, nunca serviu para muita coisa.

Como todo mundo tem um palpite, um monte de banco de investimento resolveu publicar sua própria previsão sobre quem vai ganhar a Copa. Afinal, se essas empresas conseguem prever quem vai ganhar a Copa, elas também podem prever qual é o melhor investimento para o nosso minguado dinheirinho. Pelo menos esse é o plano.

Tudo começou com o banco suíço UBS, que sempre divulga um estudo antes da Copa que é dividido em três partes: 1) Uma análise sobre a economia do país sede; 2) um estudo estatístico sobre quem vai ganhar a Copa; e 3) uma análise sobre a futura evolução da economia do país sede da próxima Copa. Para o UBS, o favorito ao título é o Brasil, com 22% de chances, seguido por Alemanha, Itália e Holanda, com 18%, 13% e 8% respectivamente. Seguindo uma metodologia que usa desempenhos históricos, o fato do time ser ou não país sede e a performance do time três meses antes da Copa, eles acertaram o vencedor da Copa passada, 50% dos semifinalistas, 75% dos times das quartas de final e 81% dos times das oitavas.

O Goldman Sachs, responsável por inventar o termo BRIC, faz uma análise detalhada de país por país e usa uma metodologia baseada no ranking da FIFA e em estatísticas de apostas para concluir, assim como o UBS, que o favorito é o Brasil, com 13,8% de chances. Em seguida vem Espanha, com 10,5%, Alemanha, 9,4%, e Inglaterra, 9,4%. É apenas a segunda vez que o Goldman Sachs faz esse tipo de estudo e não disse qual foi a margem de acerto em 2006, o que sugere que ela não deve ter sido muito boa.

O JP Morgan também usa dados de apostas e o ranking da FIFA para fazer sua previsão, adicionando tudo a uma fórmula matemática bem longa que leva em conta também a opinião de analistas, tendências do ranking da FIFA e da expectativa de resultados e os confrontos que o time terá na tabela. Tudo isso pra dizer que a Inglaterra será campeã numa final contra a Espanha e que a Holanda ficará em terceiro depois de ganhar a disputa com a Eslovênia. É. Eslovênia.

Simon Kuper e Stefan Szymanski, que são dois dos mais respeitados economistas na área do futebol, também divulgaram um estudo, que considera o tamanho da população de cada país, o PIB per capita, a experiência internacional e o fator de jogar em casa para concluir que o campeão será o Brasil em uma final contra a Sérvia, que terão eliminado Alemanha e Espanha nas semifinais, respectivamente.

É claro que tudo isso é chute. Os bancos de investimento não conseguiram nem prever a quebra do mercado de títulos imobiliários podres nos Estados Unidos e querem acertar quem é que vai ganhar a Copa. Não dá. É muito, muito complicado. Afinal, as variáveis são absurdas. Além disso, as metodologias utilizadas desconsideram falhas de juízes, escalações erradas, desarranjos alimentares e flertes com mulheres alheias. E isso tende a ter mais influência no resultado do que eu, você, ou qualquer fórmula matemática consegue imaginar.

Mas como é tudo chute mesmo, qualquer um pode dar, inclusive eu. Aqui vai, portanto, a minha leitura de até onde pode cada país ir:

Grupo A

África do Sul: Joga em casa, tem as vuvuzelas a favor e a retranca do Parreira. Bons ingredientes para passar da primeira fase em um grupo equilibrado. Vai até as quartas.

França: Geração fenomenal que começou em 1998 está chegando ao fim. Sem Zidane e com um técnico meio pinel, não passa da primeira fase.

México: Melhor seleção mexicana da história, fruto da explosão de popularização e estruturação do futebol no país pós-Copa de 1994. Chega às quartas.

Uruguai: Quase perdeu a vaga para a Costa Rica, que era treinada pelo René Simões. Não passa da primeira fase.

Grupo B

Argentina: Talvez o time mais desequilibrado de todos. Tem atacante de sobra, e quem ficar no banco vai reclamar e jogar zica nos outros. O meio-campo vai ficar sobrecarregado no Mascherano, que já vem de uma temporada pesada no Liverpool, e no Verón, que deveria ter se aposentado do futebol internacional há tempos. Como a zaga é velha e tem o Heinze, fica nas oitavas.

Coréia do Sul: A empolgação de 2002 está menor. Fica na primeira fase.

Grécia: Deu azar de pegar um grupo com dois ataques bem fortes. Talvez possa passar pra oitavas no lugar da Nigéria. Mas fica por aí.

Nigéria: Joga quase que em casa e vai mais na empolgação do que no juízo. Se bobear, perde a vaga pra Grécia. Fica nas oitavas.

Grupo C:

Argélia: Deu azar com o grupo. Vai na raça e pode incomodar a Inglaterra, mas deve ficar na primeira fase.

Eslovênia: Retranca é quase tudo em uma Copa. Quase. Fica na primeira fase.

EUA: Pode ser uma das grandes surpresas da Copa, com a primeira geração formada a dedo no pós-Copa de 1994. Não será absurdo se ganhar da Inglaterra e classificar em primeiro. Também não será absurdo se chegar à semifinal.

Inglaterra: Até tem um time razoavelmente bom. Mas a quantidade de jogos da temporada inglesa acaba com qualquer um. Não aguenta o tranco e fica nas oitavas.

Grupo D:

Alemanha: Transição de geração é sempre um problema. Basta ver que o Podolski pode ser titular. Não passa da primeira fase.

Austrália: Promete para 2014. Em 2010, deu azar no grupo. Fica na primeira fase.

Gana: Joga quase em casa e está acostumada com correria, vuvuzela e cartórios esquisitos. Se tivesse o Essien, ia longe. Como não tem, cai nas oitavas.

Sérvia: A Sérvia é o país que mais tem jogador profissional na Europa, depois de Brasil, França e Argentina. Passados mais 10 anos do Kosovo, é a primeira grande geração dos balcãs pós guerra. Deve surpreender bastante. Pode chegar à final.

Grupo E:

Camarões: Joga quase em casa e tudo mais. Mesmo com Eto’o arrebentado, pode ir até as quartas.

Dinamarca: Com Bendtner no ataque, imita o Arsenal. Fica no quase. Não sai da primeira fase.

Japão: O time até tem jogadores bons, mas parece estar em transição de gerações. Também fica pra 2014. Não passa da primeira fase.

Holanda: Se ninguém se quebrar, o que é comum, pode ser campeã pela primeira vez. Apesar de Robben e Sneijder terem passado por uma temporada bem pesada, Van Persie ficou meio tranquilão com uma lesão. Se tiver recuperado, tem tudo para ser o cara da Copa.

Grupo F

Eslováquia: Tem Skrtel e Hamsik, dois dos caras mais tatuados do futebol mundial. Deve se jogar no ataque. E quem faz isso em Copa tende a quebrar a cara. Fica na fase de Grupo.

Itália: O time era velho em 2006. Como conseguiu ganhar a Copa, um monte de gente ficou, e o time ficou ainda mais velho. Nã
o aguenta o tranco e fica nas oitavas.

Paraguai: Foi bem nas eliminatórias e vai bem na Copa. Só que fica nas oitavas.

Nova Zelândia: Só foi pra Copa porque o jogo político da FIFA mandou a Austrália pra AFC. Vai representar o resto do futebol da Oceania. Se não vale nada no War, tem poucas chances na Copa. Se fizer um gol, tá no lucro.

Grupo G

Brasil: Classifica fácil mas vai sofrer mais pra frente. Os principais jogadores estão desgastados e a arbitragem deve pesar contra. Fica nas quartas, onde deve pegar a Holanda e se complicar.

Coréia do Norte: Se o time não tiver sido criado num laboratório nuclear enfiado 300 metros pra baixo do solo, vai passear. Pelo menos uma vez na vida, os jogadores vão poder fazer isso. E vão se dar por satisfeitos.

Costa do Marfim: Se o Drogba se recuperar da lesão a tempo, vai longe. Se não, vai incomodar mesmo assim. Joga quase em casa e quase chega à final. Fica na semi.

Portugal: Deu azar de cair num grupo forte e de perder o Nani. Sem ele, o time enfraquece. C. Ronaldo sozinho não consegue levar um time velho pra frente. Cai na primeira fase.

Grupo H

Chile: Bielsa é maluco e o grupo é relativamente fácil. Se não bobear contra a Suíça, passa de fase, mas fica nas oitavas contra o Brasil.

Espanha: Nenhum time que ganhou a Eurocopa conseguiu ganhar a Copa do Mundo seguinte. A Espanha não vai ser diferente. O pico da geração passou. Cai contra a Costa do Marfim nas oitavas.

Honduras: Como ninguém sabe como é que ela conseguiu chegar até aqui, daqui um tempo ninguém vai conseguir se lembrar que ela participou da Copa. Fica na primeira fase.

Suíça: O time foi formado pra não passar vergonha na Euro 2008. Passou. Apesar de ser o time da casa do Blatter, fica na primeira fase.

Em 2006 eu também fiz uma projeção. Acertei que a Itália seria campeã, mas apostei forte em Togo e achei que o Brasil chegava à final. Ou seja, a probabilidade eu errar é grande. Depois da Copa eu retomo a análise.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br  

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