Um plano simples

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O que você faria se encontrasse US$ 4 milhões dentro de um avião soterrado pela neve? Ou melhor, o que essa montanha de dinheiro faria com você?

Talvez, tentar responder à segunda pergunta faça mais sentido diante da história contada no filme Um plano simples, adaptação para o cinema do livro homônimo do autor americano Scott B. Smith, cujo roteiro para as telas foi feito pelo próprio autor do romance.

Sob a direção de Sam Raimi, o filme trata de uma temática bastante recorrente na história do cinema: o conflito entre o lado moral do ser humano, que permeia o convívio social, e as provações às quais se sujeita o caráter das pessoas diante das maravilhas que perpassam os olhos de quem encontra dinheiro fácil.

Hank Mitchell (Bill Paxton), seu irmão, Jacob (Billy Bob Thornton) e o melhor amigo deste, Lou, (Brent Briscoe), descobrem, por acaso, um avião encoberto pela neve com 4 milhões de dólares dentro e o corpo do piloto.

Inicialmente, Hank é contra a idéia de se apoderar do dinheiro, mas, desde logo, as vidas simples destes pobretões de uma cidadezinha do meio-oeste americano sofreriam com as investidas da ganância. Sua integridade moral, que até então passava incólume perante a comunidade local, a não ser pelo beberrão Lou, agora se equilibrava no fio da navalha – única divisão entre o passado exemplar, o presente tentador e o futuro tranquilo.

Pois, os envolvidos na trama passam a confabular um plano, aparentemente singelo, que consiste simplesmente em esperar o castigante inverno da região passar, ao mesmo tempo em que esconderiam o dinheiro do alcance dos olhos dos habitantes da cidade.

A esposa de Hank, Sarah (Bridget Fonda), acha que eles devem devolver o dinheiro, até se deparar com o montante sobre sua mesa e ao pensar o quanto ele poderia modificar suas vidas.

As coisas podem ser simples. Mas, nem sempre, são fáceis.

Nesses casos, difícil é manter a razão. Alguns ditados afirmam que as coisas mudam, as pessoas não.

No futebol, há até os que defendam que esse esporte não forma o caráter das pessoas, antes, o revela.

O recente caso envolvendo o goleiro Bruno, do Flamengo, acusado como principal suspeito do desaparecimento – e possível homicídio – de uma amante e mãe de um filho seu, traz à tona a discussão sobre a discrepância entre o caráter e formação moral dos jogadores e os altíssimos salários, permeado pelas suas origens sociais, culturais e econômicas.

Algo arquitetado de forma simples. Dar um susto. Ameaçar uma pessoa, fazendo uso do poder efêmero conquistado pelo status de estrela do futebol nacional.

Um plano simples, mas que não deu certo.

Perde-se a referência das coisas que realmente importam na vida de um ser humano. E que, normalmente, são construídas dia após dia, dando-lhes o real sabor de vitória, sucesso e, por que não, derrota.

Muitas vezes, isso ocorre no espaço curto de um ou dois anos. Cedo ou tarde, para muitos, vem a cobrança da conta.

No caso do goleiro Bruno, a conta pode ser muito alta.

Não em reais, que corresponderiam à pensão que garantiria o sustento do filho tido fora do casamento e que lhe são assegurados por lei.

Mas em anos. Talvez 30. Cumprindo pena na cadeia.

O Brasil não merece, não pode premiar e deve combater esses planos simples.

 

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