Em 2010, o Campeonato Brasileiro disputado na fórmula por pontos corridos chega a sua sétima edição. Depois de 32 disputas em que o formato do torneio nunca se repetiu, o futebol brasileiro exibiu sopros de modernização ao adotar o modelo de decisão de um campeão que é mais simples e fácil de se planejar.
Na essência, é isso o que significa o Brasileirão por pontos corridos. Um torneio que é absolutamente previsível em sua disputa, o que torna mais fácil de você planejar um time para ser o campeão ao longo de 38 rodadas. Não há muita margem para o imprevisível nessa fórmula de disputa da competição. Aquele que se preparar para ter um time forte durante 38 rodadas, fatalmente será o vencedor ao término dessa “batalha”.
Parece simples. E é! Só que, em sua sétima edição “previsível”, o Brasileirão continua a dar mostras de que a palavra planejamento passa ao largo da maioria das equipes. Para se dar bem nos pontos corridos, é preciso planejar. Olhar ali por volta de janeiro e saber como você estará em dezembro. Calcular, projetar e trabalhar para isso.
Mas, passadas 23 rodadas do atual Brasileirão, fica claro que são pouquíssimos os clubes que de fato fizeram um trabalho de planejamento para a disputa da competição. O líder Corinthians, por exemplo, foi o único até agora forçado a mudar de treinador no decorrer da competição. Mas a chegada de Adílson Baptista apenas modificou a forma como o time joga, sem mudar o plano traçado no início da temporada por Mano Menezes.
Será tão estranho assim que o clube lidera a competição?
As campanhas medíocres e/ou medianas de Palmeiras, Flamengo, São Paulo, Atlético-MG e Grêmio são uma clara amostra de como a falta de planos pode destruir um clube durante a disputa por pontos corridos.
Esses cinco times desfizeram-se de atletas e treinadores (à exceção do Galo) no decorrer do campeonato. Apostaram em atletas mais velhos e outros identificados com a torcida. Esqueceram-se do básico. Sem planejar, o clube não terá sucesso.
Não é à toa que o europeu está acostumado a jogar nos pontos corridos. Essa falta de insegurança que uma fase mata-mata causa é de arrepiar o pensamento de alemães, ingleses e franceses, por exemplo. A racionalidade européia é sintetizada na fórmula de disputa da maior competição dos países.
A chave do sucesso de grandes empresas é ter dinheiro em caixa e grande capacidade de planejar as ações no mercado de atuação. O restante vem junto com isso. No futebol, essa lógica permanece. Quem souber mais como planejar o ano e também tiver dinheiro suficiente para conseguir executar esse plano, será mais bem sucedido.
Mas, na realidade do futebol brasileiro, o mundo continua andando ao contrário. Apenas alguns poucos repararam. Não é coincidência que esses disputarão o título nacional até dezembro…
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