Compensações táticas

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Depois de uma recente palestra sobre “dinâmicas táticas de ataque”, em que falei de estruturas táticas “móveis” e “fixas”, recebi algumas mensagens pedindo para que escrevesse algo sobre o que são as “compensações táticas” do jogo de futebol.

Pois bem. Como na última semana esse conceito esteve à tona em um encontro de treinadores promovido pela Uefa, creio que valha a pena aproveitar o ensejo e falar um pouco sobre o tema.

Ainda que possa não parecer muito óbvio, o conceito de “compensação tática” é, até certo ponto, bem fácil de entender.

Imaginemos uma mesa com quatro apoios (quatro “pernas”), que carrega sobre ela 20 livros de mesmo tamanho e massa. Aceitemos que essa mesa é retangular, e que os livros estão distribuídos em sua superfície em quatro montes iguais, em cada um dos seus cantos.

Se retiramos da mesa uma das suas “pernas”, e mantivermos os livros distribuídos em montes iguais por seus quatro cantos, é possível que a partir de um desequilíbrio momentâneo a mesa venha ao chão com todos os livros.

Então, para evitar que isso aconteça, antes de retiramos um dos seus apoios, é preciso que remanejemos os livros pela superfície da mesa, de maneira a conseguirmos encontra uma posição de equilíbrio, que permita que a mesa, mesmo com apenas três “pernas”, permaneça “em pé”.

Esse remanejamento de livros na busca pelo equilíbrio é o que podemos chamar de compensação (eu compenso a falta de uma perna na mesa com uma realocação dos livros sobre ela, de maneira a equilibrar as massas e manter a mesa “em pé”).

A ideia sobre compensação tática cabe bem na analogia da mesa. Ela quer dizer, no futebol, uma readequação posicional e/ou de operação, que permita, sob o ponto de vista organizacional, manter o equilíbrio da equipe (seja para estruturar o espaço de jogo, seja para fazer valer uma regra de ação).

Então, se uma equipe quer atacar com boa amplitude e manter, por exemplo, cinco jogadores, mais o goleiro atrás da linha da bola, desenhando um balanço defensivo, precisará fazer compensações específicas, que podem ser iguais ou diferentes quando estiver jogando em um 1-3-5-2 ou em um 1-4-3-3.

Isso quer dizer que se em um 1-3-5-2 uma equipe mantém boa amplitude, utilizando-se dos alas bem abertos, e para seu balanço defensivo com cinco jogadores mais o goleiro, posiciona os três zagueiros mais os seus dois volantes (ou um volante e um meia) atrás da linha da bola, deverá, jogando em um 1-4-3-3, ter outros jogadores mantendo os mesmos posicionamentos.

Por exemplo, no 1-4-3-3, pode manter a amplitude com um dos laterais e um atacante, e desenhar o balanço defensivo com o goleiro, dois zagueiros, um lateral e dois volantes (ou um volante e um meia).

Vejamos as figuras:


 

Dentro de um mesmo esquema tático, por exemplo, o 1-4-3-3, se a equipe utilizar-se de uma ocupação espacial com estruturas móveis, também poderá fazer múltiplas compensações, de acordo com as necessidades das situações do jogo.

Então, da mesma forma que em esquemas táticos diferentes é necessário que haja compensações para manter a boa estruturação do espaço, para um mesmo esquema tático, em circunstâncias diferentes, também é necessário que elas (as compensações) aconteçam, para que uma equipe possa fazer valer sua geometria de ocupação (de acordo com as premissas de seu modelo de jogo).


 

Por hoje é isso!

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br  

*As figuras utilizadas nesta coluna foram desenhadas no Tactical Pad, da Clan Soft

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