Caros amigos da Universidade do Futebol,
Novamente nos deparamos com rumores sobre a venda e compra de clubes de futebol na Inglaterra. Desta vez (e mais uma vez), envolvendo o tradicionalíssimo Liverpool.
Sempre batemos na tecla que clubes de futebol são hoje núcleos de negócios assim como tantas outras empresas dos mais diversos ramos de atividade. Mas também defendemos que o futebol está inserido no ambiente da especificidade do esporte, o que faz com que transações nesse meio sejam feitas com a observância de determinados critérios atribuídos exclusivamente ao esporte.
Os clubes do mundo moderno (e em especial na Inglaterra, onde investimentos estrangeiros são controlados, porém permitidos), notícias do mercado de fusões e aquisições são uma constante.
A Europa, em especial, vive um momento de disputa entre os países em que o investimento estrangeiro é limitado (liderados por França e Alemanha) e os países em que o investimento é “liberado” (liderado pela Inglaterra).
As ligas nacionais são verdadeiras competidoras. Se por um lado injeta-se muito dinheiro estrangeiro nos clubes ingleses, na França joga-se basicamente com jogadores (e recursos) nacionais. Essa diferença faz com que determinados países tenham suas ligas valorizadas na venda de direitos televisivos, por exemplo, em detrimento de outras, menos atrativas.
Essa disputa reflete também no desempenho de seus principais clubes nas ligas européias. Basta comparar a performance de clubes ingleses com clubes franceses.
Evidentemente que a Liga Francesa, seus clubes, e até autoridades públicas, não gostam nada disso. Dizem que na Inglaterra é lícita a prática do “financial doping” nos clubes, promovendo uma concorrência desleal no mercado europeu.
É nessa medida que a UEFA (liderada pelo Francês Michel Platini), estuda, há anos, a introdução de regras de controle financeiro nas ligas européias e de seus clubes, para viabilizar uma melhor competição entre um número maior de clubes, aumentando, por conseguinte, a incerteza dos resultados (principal chamariz de interesse público no esporte).
Pelos lados da rainha, essa notícia não é bem aceita, daí a resistência em se aplicar de uma vez a regra do controle financeiro a nível continental. Também pudera. As cifras introduzidas naquela nação não são nada diminutas.
Mas os efeitos colaterais em transações dessa natureza também existem. Relembrando o assunto da especificidade do esporte, é preciso considerar diversas variáveis inexistentes em outros mercados. Dentre elas, a torcida. E no caso do Liverpool, ela pesa bastante e influencia, sem sombra de dúvidas, o avanço ou não da venda do clube. Vamos acompanhar o desenrolar dos fatos…
Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br