Aprendendo a jogar

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O futebol brasileiro está jogando pelo ralo a grande chance de entender que a fórmula de disputa por pontos corridos não é o problema para que, a todo final de ano, volte-se a discutir qual a melhor maneira de se fazer um campeonato que seja atrativo para o público.

Malas coloridas, erros de arbitragem e debates infindáveis sobre o nada compõem hoje um universo que só serve para denegrir a imagem do Brasileirão e afastar o foco do conjunto de problemas que faz com que ainda tenhamos um torneio nacional bem longe do ideal.

Erros decisivos de árbitro sempre acontecem e atrapalham, independentemente da forma de disputa do campeonato. Da mesma forma, times com diferentes interesses em fases distintas da competição sempre vão existir. A diferença é que, agora, isso pode deixar uma equipe mais próxima do título, enquanto que, antes, no máximo levava um clube para a fase final ou tirava do rebaixamento.

O fato é que, por incrível que pareça, após sete anos de disputa a maioria dos clubes ainda não aprendeu a jogar uma competição longa no Brasil. É preciso um trabalho de planejamento no longo prazo para um time ser campeão nos pontos corridos. Algo que, para a mentalidade europeia, é absolutamente comum, e que por aqui nos acostumamos com o mantra “no final dá certo”.

O que se vê hoje no Brasileirão é um reflexo da falta de preparo dos clubes para planejar uma competição com oito meses de duração e acontecendo paralelamente a outras disputas. Não se faz, dentro do clube, um planejamento para que o atleta entre no auge da forma na reta final de campeonato, para que o time tenha mais do que um jogador por posição, etc. Tudo é pensado para dali a dois, três meses, algo que realmente sempre foi a realidade do país até 2003.

É estranho pensar que os clubes ainda não tenham se dado conta de que não é o time de “chegada” que necessariamente será o campeão. Para vencer, é preciso ser constante, estar prepardo do começo ao fim, saber que esse fim parece distante, mas para ter uma história feliz depende igualmente do que é feito no início da competição.

Mesmo com os clubes sabendo com praticamente quatro meses de antecedência como será a rotina de jogos do campeonato seguinte, não é feito um trabalho para pensar onde o time vai querer estar em dezembro. Sim, porque já se vão sete anos que a história não muda. Na primeira, no máximo segunda semana de dezembro define-se o Campeonato Brasileiro.

Para complicar o cenário, temos um agravante no meio do ano, que é a saída de alguns jogadores importantes para os clubes. A bendita janela de transferências europeia, que tanto alivia as contas da temporada, tem a sua parte maldita dentro de campo, com o desmantelamento de equipes.

Esse talvez seja um dos gargalos a se resolver, além da óbvia necessidade de os clubes aprenderem que é necessário planejar o ano todo para que, em novembro, não tenhamos de novo a ladainha de que fulano decidiu não jogar para prejudicar o rival, de que o erro do árbitro mudou a sorte do time, etc.

A forma de disputa não é a vilã. Ou os clubes planejam 365 dias da temporada, ou então o chororô permanece. Como diz a música, “nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas aprendendo a jogar”. É preciso aprender a jogar em pontos corridos. Urgentemente.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br  

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