A íntima relação entre a Responsabilidade Social Corporativa (RSC) e a gestão dos stakeholders é discutida no artigo de Walters & Tacon (2010), que investiga essa relação com os olhos sobre a indústria do futebol no Reino Unido.
A proposta passou por identificar os processos em torno da gestão dos stakeholders em diferentes organismos a partir da aplicação de 15 entrevistas semi-estruturadas com representantes de diferentes grupos e organizações ligadas ao futebol, vindo desde entidades e associações de torcedores, passando pela liga de futebol até clubes de pequeno, médio e grande porte.
Assim, falando sinteticamente, a conclusão do estudo remeteu para a constatação célebre de que o grande motor da indústria do futebol são os torcedores, sendo que a grande maioria dos entrevistados apontou estes como sendo seus principais stakeholders.
É o conjunto de torcedores o grupo de pessoas com o qual mais possuem sinergias, e portanto, onde as organizações pesquisadas mais destinam preocupação e importância. A boa relação com essas pessoas é um imperativo que contribui para uma gestão sustentável no longo prazo. Conclui-se, por fim, que há uma forte correlação entre a gestão dos stakeholders e a RSC, além de afirmar que o futuro de ambas está em franca expansão.
Essas “brilhantes” constatações servem apenas para lembrar o dirigismo esportivo do país, os clubes, os patrocinadores e os veículos de mídia tupiniquins a quem devem se reportar.
No ambiente corporativo, a grande maioria das empresas adapta produtos e formas de venda em função das tendências e modo de vida de seus consumidores, motivo pelo qual conseguem expandir negócios e aferir maiores lucros. Entendem que o simples fato de não ouvir os anseios básicos dos consumidores é ruim para seus negócios e também passa a ser uma prática socialmente irresponsável, por não colocar no mercado os produtos e serviços que as pessoas necessitam.
Na “indústria do futebol”, seria como não entender, por exemplo, que fazer um torcedor chegar em casa às 02h00 da manhã porque o jogo começou às 22h00 do dia anterior e o mesmo precisará sair de casa às 06h00 novamente para ir trabalhar (sem entrar no mérito do conforto do transporte público ou dos estádios) é apenas o princípio de um processo que culminará na opção futura por melhores serviços oferecidos pelo concorrente.
Referência
Walters, Geoff; & Tacon, Richard. (2010). Corporate social responsibility in sport: Stakeholder management in the UK football industry. Journal of Management & Organization, Vol. 16, Issue 4, September 2010.
Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br