O técnico

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O Palmeiras de Felipão contra o Santos de Ganso, Neymar e cia. O jogo entre Santos e Palmeiras foi, invariavelmente, apresentado dessa forma pela imprensa paulistana. Além dessa forma de criar “donos” para os dois times, também esteve presente o básico “melhor ataque contra a melhor defesa. Quem levará a melhor?”.

Só que, na partida que terminou com vitória palmeirense, o que ficou claramente resolvido foi que a imprensa e, especialmente, os dirigentes de futebol da atualidade, precisam entender que a existência de um bom treinador é fundamental para um time vencer e, mais do que isso, poder ter algum futuro dentro de uma competição.

O bordão “ninguém se lembra do Lula como treinador do Santos de Pelé” é tão estúpido quanto acreditar que, naqueles tempos, a disposição tática dos times era absolutamente fundamental para decidir uma competição.

Nos anos 50, quando o futebol consagrava a profissionalização do atleta, treinador ainda era um bem de menor grandeza. Os astros eram unicamente os jogadores, que não se superavam tanto pelo vigor físico, mas principalmente pela qualidade técnica. Mesmo assim, o Santos de Pelé só dava absolutamente certo porque tinha, dentro de campo, uma série de jogadores que sabiam desempenhar funções táticas, sejam na proteção da defesa ou na armação de jogadas.

Mesmo naquela época, a Europa já consagrava a inserção da tática dentro do plano de jogo de uma equipe. A Hungria, da primeira metade da década, era uma prova dessa situação. A sua derrota na final da Copa do Mundo de 1954 para a Alemanha também foi fruto de um baile tático dado pelos alemães na partida decisiva.

Atualmente, com o desenvolvimento cada vez mais pleno do futebol em todas as suas áreas, pensar num time sem a presença de um treinador é impossível. Torna-se inconcebível crer que uma equipe possa ser bem-sucedida abdicando de ter, em seu quadro, um treinador.

Essa prova pode ser tirada na vitória palmeirense sobre o Santos. Por melhor que sejam os jogadores santistas, falta aos 11 que estão em campo um padrão de jogo, uma coerência tática. No outro lado, porém, sobra ao Palmeiras a parte tática, enquanto a questão técnica é sofrível. Por conta disso, o time consegue obter bom desempenho, mesmo com um time inferior ao do seu adversário.

Achar que treinador é um mero detalhe no futebol atual é um erro tão infantil quanto acreditar que “futebol bem jogado era o de antigamente”, outro jargão que costuma poluir transmissões e mesas-redondas país adentro.

O futebol mudou. Simplesmente essa é a diferença que permite que, lá no passado, o Santos fosse de Pelé. Hoje, o Santos de Neymar, Ganso e cia. nada mais é do que um punhado de excelentes jogadores tentando desordenadamente vencer seus jogos. Quando o rival é muito inferior a ele, o desempenho é obtido. Basta ter o mínimo de igualdade, porém, para tudo desandar.

O técnico é parte importante de uma equipe. Num time como o Santos de hoje, é a peça que falta para que a equipe seja, inegavelmente, a de maior qualidade do país. Como foi no primeiro semestre do ano passado.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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